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A implantação de linhas de cuidado é uma estratégia de reorganização do trabalho no cotidiano dos serviços, incluindo ações intersetorais e fluxos nas redes de atenção à saúde, que tem como objetivo constituir alternativas de percursos seguros e ágeis para os usuários, considerando suas especificidades. Este artigo tematiza a linha de cuidado em COVID-19, com o objetivo de apoiar gestores e trabalhadores no enfrentamento dessa emergência sanitária e social. Toma-se como foco as estratégias para a gestão do trabalho e da educação com vistas à reorganização dos processos de trabalho no interior de serviços e pontos de atenção nos territórios, apresentando os principais desafios para as equipes de gestão do trabalho e da educação. Em formato de ensaio teórico, o artigo considera a diversidade do cuidado às pessoas que precisa ser articulada em todos os pontos de atenção existentes nos territórios como resposta às necessidades de saúde produzidas na pandemia. A base empírica sobre a qual o ensaio se desenvolve são as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), as lições aprendidas de outros países que enfrentaram a pandemia e aquelas já reconhecidas da própria experiência brasileira. Também será sumarizada uma proposição para organização da resposta à pandemia de COVID-19, apresentando-se as principais ações e pontos de atenção que podem ser articulados por meio de conexões produzidas a partir da gestão do trabalho. Diferente do conceito de redes de atenção, com serviços e fluxos, ou de itinerários terapêuticos, que representam cada percurso particular, o desenho das linhas de cuidado é uma combinação de ações diversificadas que considera os diferentes contextos e perfis de serviços existentes em cada território, bem como a intensidade e a prevalência da transmissão local da doença. Para o conceito de linhas de cuidado, o desenvolvimento de capacidades de gestão do cuidado dos trabalhadores de um território é a variável em destaque, referindo-se, portanto, especificamente à capacidade de gestão do trabalho e da atuação dos seus agentes. Trata-se de um conceito que emergiu algo recentemente no campo da saúde coletiva e que ganha destaque quando o enfrentamento à pandemia reivindica respostas rápidas, territoriais e com base em orientações que se atualizam com alguma rapidez a partir da experiência internacional e do conhecimento produzido a partir dela. |