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Este ensaio tem por objetivo mostrar, por fotografias com um olhar etnográfico, aspectos gerais de três Comunidades Quilombolas localizadas no Sertão do Cabugi (região do semiárido do Estado do Rio Grande do Norte) durante o anos de 2015 até 2018. Nesse período foi prestada uma assessoria em três dessas comunidades (Cabeço dos Mendes e Curralinho no município de Afonso bezerra; e Livramento no município de Angicos) resultando na identificação, reconhecimento e certificação dessas na categoria de Comunidade de Remanescentes de Quilombos. Esta condição somou com a quarta comunidade (Aroeira, no município de Pedro Avelino) já anteriormente reconhecida quatro comunidades reconhecidas nesta região. Ainda existe o débito com uma dessas comunidades: a Família América na serra Nova no município de Afonso Bezerra.Essa nova realidade resultou, ainda, na organização de quatro encontros distintos realizados nas comunidades do sertão do Cabugi nos anos de 2018 e 2019 para discussão de suas realidades comuns. Um aspecto que se revelou constante foi a atividade laboral (e não lícita) do extrativismo da madeira e da fabricação do carvão. O que mata a fome também pode levar à cadeia! Uma atividade tradicional que é vista pelos Poderes Públicos como crime ambiental.A tentativa de criminalizar atividades tradicionais sob a ótica do direito ambiental é uma constante na vida das populações tradicionais. Temos o exemplo de vários processos de Casas de Candomblé, Umbanda e Jurema sob o argumento de poluição sonora aqui na justiça do Estado do Rio Grande do Norte. Os vários casos no Brasil envolvendo a iniciação de crianças sendo argumentado cárcere privado e outras insanidades. Na realidade, são outras faces do racismo institucional que atinge a população negra no Brasil.As comunidades do Sertão do Cabugi têm na produção do carvão uma história relacionada à sua sobrevivência e resiliência em uma região onde não se pode contar com a agricultura como meio de garantia. A instabilidade das chuvas, aliada a um histórico de privações, faz do Povo do Carvão sinônimo de resiliência e obstinação em se manter vivo em um meio de efetiva insalubridade social.As fotos aqui expostas visam dar visibilidade ao cotidiano, ressaltando sua resiliência e suas conquistas. Às famílias quilombolas do Sertão do Cabugi expresso dessa forma minha gratidão. |