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O presente ensaio propõe reflexões sobre os impactos e consequências do coronavírus no sistema penitenciário brasileiro, analisando à luz do conceito de necropolítica as medidas adotadas nos níveis federal e estadual para lidar com o cenário pandêmico, desvelando a construção de uma narrativa que sustenta a não solidariedade a determinados grupos sociais. Ao tomarmos a necropolítica enquanto um operador analítico dos efeitos mortais materializados pelas atuais políticas de segurança pública no país, endereçadas especialmente a pessoas negras e pobres, apostamos na ideia de que o total descaso do Estado brasileiro na implementação de medidas efetivas de saúde para com a sua população prisional compõe um fio poderoso de eliminação desses corpos matáveis. Em contrapartida, para a superação desse modelo, sugere-se a construção de políticas de proteção à vida, realocando esses indivíduos na hierarquia de humanidade, entendendo que o crime é apenas uma parte da história de pessoas. |