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Neste trabalho é reflectida a possibilidade do corpo em cena se constituir como linguagem dramatúrgica capaz de, através da (re)criação da realidade, atribuir sentidos e significados às trajectórias individuais e interpessoais de intérpretes e espectadores, numa dialéctica entre o vivido e as suas representações. O principal fundamento para essa reflexão encontra-se em estudos sobre as artes cénicas, que afirmam a não existência de um processo único de análise de espectáculo, mas antes uma pluralidade de metodologias que exprimem diversos modelos de criação e recepção, numa relação participativa e interactiva. Tendo em mente estes pressupostos, procurámos analisar a adesão afectiva do espectador pelo vivenciado na obra História do soldado (Stravinsky e Ramuz), que remontámos na dupla perspectiva de produção artística e de laboratório experimental. As características genéticas da obra, convocando as três linguagens espectaculares: música, dança e teatro, constituíram em si mesmo motivos suplementares para procurar identificar os repertórios emocionais dos espectadores, tentando captar esquemas corporais de relação com a cena. Com base em argumentos amplamente desenvolvidos na dissertação, propomos um plano experimental, visando a captação dos mecanismos através dos quais intérpretes e espectadores constroem a sua identidade em torno de um “corpo cénico” comum. |