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O presente estudo tem por objetivo a análise dos contos “Rolézim” e “Espiral”, de Geovani Martins, publicados em seu livro de estreia, O sol na cabeça (2018), à luz da teoria da “dialética da marginalidade” desenvolvida pelo crítico e professor universitário João Cézar de Castro Rocha. Em diálogo com o ensaio “Dialética da malandragem” (1970), de Antonio Candido, a “dialética da marginalidade” propõe a “substituição” da conciliação entre indivíduos de classes sociais diferentes como medida de evitação do conflito inerente ao ensaio de Candido em nome do confronto, o que resulta na exploração e exposição metódica da violência, que passa a permear as referidas relações ao invés de seu ocultamento. Os contos apresentados por Geovani Martins modulam, de diferentes formas, os dilemas da desigualdade social brasileira, atravessada pela violência urbana contemporânea, assumindo e confirmando, com voz própria e lugar enunciativo conflitante, os impasses de uma “guerra simbólica” travada entre uma interpretação apologética e outra crítica da cultura brasileira atual. Este artigo produz, em adição, uma breve reflexão sobre o espaço de fala das camadas excluídas, bem como a visibilidade (ou falta dela) que a crítica literária e universitária oferecem a estes produtores de cultura nos dias atuais, finalizando com uma discussão sobre o possível status da literatura marginal nos próximos anos. |