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Introdução: Desde o período gestacional, ocorrem mudanças na rotina e no comportamento do casal em razão da gravidez. No puerpério, a mulher experiencia muitos eventos, como amamentação, os cuidados com o recém-nato e a nova dinâmica familiar. Um ponto importante para todas as mulheres, independentemente da faixa etária, é a sexualidade, tema que deve ser abordado desde o pré-natal até as consultas de revisão puerperal, visando sua desmistificação e consequente abordagem precoce de disfunções sexuais. Objetivos: Informar e debater sobre questões acerca da sexualidade no puerpério. Materiais e Métodos: Revisão bibliográfica realizada por meio do levantamento de artigos científicos nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e PubMed, de 2005 a 2020, utilizando os descritores “sexualidade”, “puerpério” e “pós-parto”. Resultados: Cerca de 70% das puérperas queixam-se de disfunções sexuais. Diversos fatores impactam negativamente a sexualidade do casal durante o puerpério, ganhando destaque pela literatura: a via de parto, o trauma perineal, a amamentação, o desequilíbrio psicológico e a depressão. Diferentes estudos apontam controvérsias quanto à relevância da via de parto sobre a disfunção sexual pós-natal. O parto vaginal aparece associado à dispareunia, atraso no retorno à atividade sexual e estresse sobre incontinência fecal e urinária. Porém, não há consenso na literatura de que a via alta seja alternativa eficaz para tais queixas. Quanto à rotura perineal espontânea e à episiotomia, ao uso de fórceps e à duração prolongada do segundo período do parto, existe consistência na associação a piores escores em escala de função sexual. Todos os fatores citados apresentam ligação direta à percepção da dor pela puérpera, interferindo em seu desejo sexual e evocando a necessidade da discussão acerca da instrumentalização do parto. A amamentação, ainda que fortemente encorajada e com papel benéfico indiscutível à saúde materna e infantil, é percebida de forma individual por cada mulher a depender do contexto social, econômico e cultural no qual se insere. Está associada a modificações hormonais intensas, como estímulo à secreção de prolactina e redução da concentração de estrógenos, consequentemente interferindo na libido feminina e na lubrificação vaginal, bem como atua sobre o estado psicológico do casal e a percepção da autoimagem corporal. Até 20% das parturientes são afetadas pela depressão pós-parto, também refletindo sobre a sexualidade no puerpério, já que o seu tratamento pode manifestar efeitos adversos, como a perda do interesse sexual. Conclusão: Para que o retorno às atividades sexuais ocorra de forma favorável ao casal, proporcionando fortalecimento da relação, é necessário abordar o tema da sexualidade ainda durante o pré-natal. Por meio da troca de conhecimento entre obstetra e paciente, é importante compreender os anseios trazidos pelo casal, abordando-os precocemente a fim de sanar dúvidas que, de outra forma, podem levar a prejuízo da sexualidade durante o puerpério. |