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Analisamos neste artigo transformações verificadas nas características do trabalho de musicistas no Brasil, entre o fim do século XX e a contemporaneidade. Pesquisas concluídas ou em andamento e diálogo com a literatura científica embasaram a investigação aqui empreendida. À luz da compreensão de elementos estruturais a impactarem a organização das atividades laborais de tais agentes, pouca autonomia é percebida na delimitação da dinâmica organizacional do trabalho na área por musicistas levados a se adaptarem a demandas de ordem econômica, social e/ou política nos distintos períodos históricos analisados. Como resultado de tais adaptações, propomos uma tipologia de duas formas de trabalho características –ainda que não exclusivas– a cada um dos referidos períodos: o trabalho flexível (fim do século XX) e o multitarefas (início do século XXI). Da análise empreendida, verificou-se uma tendência à crescente responsabilização do trabalhador pelos processos e resultados de seu trabalho, configurando um processo de precarização que é potencializado pela digitalização da produção e do consumo das atividades musicais. Observa-se, no entanto, uma realidade a contrariar o discurso da reinvenção, constantemente reproduzido por agentes e instituições vinculados ao campo musical no intuito de ressaltar a autonomia de musicistas na condução das transformações vinculadas a suas práticas laborais. |