O profissional do sexo e suas vulnerabilidades: relato de caso

Autor: Júlia Sampaio Fernandes Camacho, Amanda Ramiro Gomes da Silva, Júlia Sampaio de Souza Moraes, Matheus Fernandez de Oliveira, Mauro Romero Leal Passos
Rok vydání: 2021
Zdroj: Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis.
DOI: 10.5327/dst-2177-8264-202133p269
Popis: Introdução: Ser profissional do sexo é opção de prazer ou de necessidade de ganho comercial? Sendo profissão, deve ser compartilhada com a família? Objetivo: Discutir o caso de um paciente, profissional do sexo atendido no Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Universidade Federal Fluminense, Niterói (RJ). Relato de caso: Jovem masculino, 21 anos, homossexual, exclusivamente passivo, solteiro, profissional do sexo, foi tratado de condilomas acuminados no ânus no Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Universidade Federal Fluminense em 2019. Retornou em abril de 2021 com queixas de dor e secreção anal. Foi diagnosticado e medicado para gonorreia. Durante a consulta, relatou início de programas sexuais (SIC) aos 17 anos, visando independência financeira provisória. Relatou que as relações são diárias e que o sexo anal penetrativo sem preservativo rende um valor financeiro quatro vezes maior do que o com preservativo. Disse praticar sexo oral ativo também sem preservativo. Confirmou ciência de vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis, incluindo vírus da imunodeficiência humana. Perguntado se a família sabe dessa atividade, respondeu: “Meus pais não precisam saber”. Oferece-se em páginas na internet, porém possui clientes fixos (apenas do sexo masculino). Faz uso diário de profilaxia pré-exposição para vírus da imunodeficiência humana, mas nunca foi submetido a testes rápidos para infecções sexualmente transmissíveis ou teve tais diálogos com qualquer profissional de saúde. Relatou orgulho pela profissão (SIC). O jovem retornou ao serviço para acompanhamento e, no momento, estamos conversando para encaminhamento para atenção mais elaborada. Prescrevemos esquema de vacinação contra papilomavírus humano com justificativa para realização em unidade pública. Conclusão: Com acolhimento adequado e sem preconceitos, conseguimos bom diálogos para reflexões pelo paciente e pela equipe de atendimento. Confirmamos, ainda, a necessidade de atenção global a qualquer paciente de rede de saúde pública e privada, especialmente para pessoas com lesões genitais/anal e com múltiplos parceiros sexuais.
Databáze: OpenAIRE