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Introdução: As neoplasias intraepiteliais de vulva (NIV) caracterizam-se por displasia com atipia epitelial. Relacionam-se à infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e a cofatores como o tabagismo e imunodeficiência. Classificam-se em NIV 1, 2 ou 3, conforme o grau de alteração histológica. As duas últimas são lesões pré-malignas, enquanto para a NIV 1 faltam evidências de que seja precursora do câncer. O tratamento para NIV consiste na destruição local ou excisão, devendo ser individualizado conforme a localização e o tamanho da lesão. Este relato visou descrever o tratamento de uma NIV 1 com jato de plasma, uma modalidade nova de terapia baseada em energia. Relato de caso: Mulher de 63 anos fazia acompanhamento por lesão vulvar, cuja biópsia diagnosticou líquen plano. Recebeu prescrição de pomada de clobetasol por um mês, porém no retorno relatava prurido e queimação. À vulvoscopia com magnificação, viu-se área acetobranca no sulco interlabial esquerdo e na face externa do pequeno lábio direito. Biopsiadas, revelaram NIV 1. A paciente retornou após quatro semanas referindo piora do prurido e surgimento de bolinhas na vulva, que correspondiam a lesões verrucosas no introito vaginal e na região perianal. Nessa ocasião foi realizada a primeira aplicação de jato de plasma nas lesões vulvares. Depois de quatro semanas a paciente retornou apresentando lesão com aspecto infiltrativo na face interna do pequeno lábio esquerdo, cuja biópsia evidenciou NIV 1. Foram realizadas mais duas aplicações de jato de plasma e, em 60 dias, foi reiniciado o clobetasol. A paciente retornou sem sintomas e remissão das lesões vulvares. Conclusão: Casos de NIV 1 podem representar alterações reativas benignas do epitélio ao HPV, não sendo observada progressão para NIV 3. O objetivo do tratamento das lesões condilomatosas é a redução da carga viral e, assim, da transmissibilidade. Todas as NIV 2 e 3 devem ser tratadas, visando reduzir a progressão para carcinoma. Excisão ampla pode ser necessária se não for possível excluir carcinoma invasivo, mas tratamentos ablativos podem ser considerados para a preservação estética e funcional. Tratamentos com laser podem ser dolorosos. Tratamento tópico com imiquimode apresenta boas taxas de regressão. Alternativas relacionadas às energias são promissoras. No caso relatado, a diminuição da imunidade local promovida pelo tratamento com corticoide parece ter favorecido o surgimento de lesões condilomatosas. Utilizou-se um subtipo de radiofrequência que é de fácil aplicação em regime ambulatorial, agindo por meio de ablação do epitélio pelo calor, além de outros possíveis benefícios como estimulação da cicatrização e renovação celular. Nosso relato evidencia um resultado satisfatório com poucas aplicações, sugerindo se tratar de uma alternativa eficaz no manejo dessas lesões que são, muitas vezes, refratárias e recidivantes. São necessários estudos observacionais e comparativos para a comprovação da aplicabilidade do método nessa indicação. |