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Este artigo traz para a discussão algumas reflexões sobre o “Monumento aos Judeus Assassinados da Europa”, na cidade de Berlim, em perspectiva ético-estética, a partir de uma abordagem multidisciplinar, em que interagem discussões próprias aos campos das artes, da literatura e da história. Para tanto, são propostas relações entre particularidades formais do “Memorial aos Judeus”, em sua presença concreta como monumento, e debates sobre a possibilidade de uma memória de Auschwitz em que se adensam o compromisso ético da lembrança de um passado de morte e o apelo à transformação da vida no presente. Elabora-se, ainda, a possibilidade de uma narração que, no lugar de opor a concretude abstrata do “memorial” como obra de arte ao significado histórico de sua metáfora como cemitério, ganha forma exatamente no encontro entre presença e imagem, entre matéria e memória. À guisa de conclusão, introduz-se, como chave analítica, a figura singular de um narrador que, diante do “Monumento aos Judeus Assassinados da Europa”, é capaz de recolher os rastros de um passado que contém em si mesmo seu futuro, no instante evanescente de um esbarrão entre vida e história. |