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Existem dois posicionamentos políticos para o tratamento de questões relacionadas ao uso de drogas: o proibicionismo-abstencionismo e a redução de danos. Cada um desses posicionamentos parte de pressupostos ideológicos diferentes e, em consequência, produzem modelos de atenção também distintos. O presente estudo faz parte de um trabalho de campo realizado para a construção de uma dissertação sobre as relações que se estabelecem entre pessoas que habitam cenas abertas de uso de crack e outras drogas ilegalizadas e os dispositivos de cuidados em saúde na cidade de Cuiabá - Mato Grosso.Sob uma perspectiva crítica em relação ao paradigma proibicionista, e com base na inspiração etnográfica, se analisam as narrativas e práticas de trabalhadores de saúde que atuam com população em situação de rua no centro histórico de Cuiabá, buscando entender como a redução de danos é incorporada em sua práticas cotidianas vinculadas aos cuidados em saúde.Os resultados apontam que, embora todos os entrevistados definam suas intervenções como práticas norteadas pela redução de danos, nas falas não só existem discordâncias em relação aos modos de conceber tal perspectiva, mas também pode se perceber a presença de vários elementos do modelo proibicionista-abstencionista.Em cada espaço estudado coexistem elementos de ambas as perspectivas, e inclusive olhares divergentes entre os membros de uma mesma equipe, demonstrando que ainda há um longo caminho a percorrer para a consolidação da redução de danos e do exercício efetivo de cidadanias ativas. |