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Introdução: Em todo mundo, a epidemia do COVID-19 afeta milhares de pessoas com reflexos devastadores no setor saúde e impactos negativos na força de trabalho assistencial. A carga de doença atribuível a infecção pelo COVID-19 entre os profissionais de saúde na linha de frente do combate à doença, até então desconhecida, deve orientar as políticas para o enfrentamento da pandemia, considerando as particularidades de cada categoria profissional e as regionalidades. A questão de pesquisa é: Qual a carga da infecção pelo COVID-19 entre os profissionais de enfermagem no Brasil? Objetivos: Estimar a carga da doença atribuível a infecção pelo COVID-19 entre os profissionais de enfermagem, estimar os anos de vida perdidos devido a mortalidade prematura (YLLs), estimar os anos perdidos por incapacidade (YLD) e estimar os anos de vida ajustados por incapacidade (DALY). Método: Trata-se de um estudo ecológico, onde o conjunto de indivíduos é a unidade de análise. Foram utilizados dados de mortalidade, morbidade e expectativa por faixa-etária dos profissionais de enfermagem registrados no Observatório da Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem (COFEn) até o dia 05 de maio de 2020 e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativo ao ano de 2018, respectivamente. Foram estimados a prevalência da doença, os Anos de Vida Perdidos (YLL) e os Anos Vividos com Incapacidade (YLD). A soma destes dois últimos, possibilitou estimar os Anos de Vida Ajustados por Incapacidade (DALY). O peso da doenças foi extraída do Estudo de Carga de Doença Global (GBD) de 2017, considerando a infecção respiratória de vias inferiores moderada. A análise considerou a distribuição segundo categoria profissional, sexo e faixa-etária. Resultados: Foram analisados 91 óbitos e 10.748 profissionais diagnosticados com COVID-19. A prevalência da doença foi de 0,046% com taxa de letalidade de 0,85%. Entre 20 de março e 5 de maio, a enfermagem Brasileira perdeu 498,13 DALY (IC95% 438,62 – 557,64). Destes, 81,04% foram por morte prematura. A taxa de DALY perdidos por 1000 profissionais padronizada por idade foi de 216,02. O DALY foi maior entre os profissionais de 31 – 40 anos de idade (901,36 DALYs). O YLD foi maior entre as mulheres (453,70 YLDs e taxa de 1.37/mil) e entre os Técnicos de Enfermagem (217,01 YLDs e taxa de 164.37/mil). O sexo feminino representou 82,76% do total de DALYs. Nesse grupo, a taxa de YLD foi 27,5 vezes maior do que na população masculina. Conclusão: Quase 500 DALY foram perdidos no Brasil devido a infecção pelo COVID-19 entre os profissionais de enfermagem, essencialmente por mortalidade prematura. Este estudo permite comparar a carga da doença com outros profissionais, entre regiões e outros países, salientando-se, no entanto, a necessidade de estudos de base populacional para cada profissional de saúde que forneçam informação específica de morbilidade, para orientar e informar decisões acerca da implementação de medidas para a redução da carga da doença e melhoria dos desfechos relacionados ao COVID-19. |