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Introdução: O câncer de colo de útero é a terceira neoplasia mais frequente entre mulheres no Brasil e, quando diagnosticado e tratado precocemente, apresenta bom prognóstico. A principal forma de identificá-lo é pelo exame citopatológico cérvico-vaginal. Por meio desse exame, é feita a análise microscópica de material coletado no colo do útero objetivando o rastreio de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas. No Brasil, essa inspeção deve ser realizada anualmente em mulheres sexualmente ativas de 25 a 64 anos e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos. Contudo, durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, nos anos de 2020 e 2021, houve redução significativa da procura por exame citopatológico cérvico-vaginal. Além disso, o sistema de saúde teve que se reorganizar para poder auxiliar os pacientes com SARS-CoV 2, gerando obstáculos no rastreamento e detecção do câncer de colo de útero. Objetivos: Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no rastreamento de câncer de colo de útero no Brasil. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo descritivo, que teve por objetivo reunir dados referentes à realização de exame citopatológico cérvico-vaginal no Sistema Único de Saúde (SUS) nos anos de 2018 e 2019, anteriores à pandemia de COVID-19, comparando-os com os valores coletados durante os anos de 2020 e 2021. Os dados foram obtidos por meio do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Os resultados refletem o somatório do número de exames realizados em todas as capitais brasileiras nos anos em análise. As variáveis selecionadas foram: exame citopatológico cérvico-vaginal/microflora, código 0203010019, exame citopatológico cérvico-vaginal/microflora-rastreamento, código 0203010086, e quantidade apresentada segundo capital. Resultados e conclusão: Durante os anos de 2018 e 2019, foram registrados, respectivamente, 2.375.954 e 2.322.574 exames citopatológicos cérvico-vaginais pelo SUS. Nota-se certa estabilidade nesse período, com redução de 2,24% no ano de 2019. No entanto, durante os anos de 2020 e 2021, anos de pico da pandemia, foram registrados, respectivamente, 1.282.599 e 1.740.401 exames citopatológicos cérvico-vaginais pelo SUS. Assim, observou-se no presente estudo significativa diminuição (de 35,66%) no número de rastreamentos de câncer de colo de útero nos anos de 2020 e 2021 em comparação com a média anual dos anos de 2018 e 2019. O referido exame permite o diagnóstico precoce de lesões precursoras, antes da evolução para neoplasias invasivas, de modo a reduzir as taxas de morbimortalidade pela doença. Sendo assim, a queda no número de exames citopatológicos cérvico-vaginais realizados é preocupante, uma vez que favorece o diagnóstico de tumores em estágios mais avançados, o que demanda tratamentos mais invasivos e de menor eficácia. |