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Introdução: Ao se tratar da população transgênero, é necessário entender significados e terminologias que representam a enorme diversidade. Identidade de gênero refere-se à própria experiência de quem são, diferente de orientação sexual ou expressão de gênero. A desinformação leva a sociedade a adotar estigmas e preconceitos, causando consequências negativas à saúde de pessoas transgêneras, que não se sentem confortáveis em buscar serviços de saúde. As infecções sexualmente transmissíveis são transmitidas, principalmente, por contato sexual e podem estar associadas a fatores biológicos, psicossociais e culturais. Assim, essa população se inclui no grupo que requer uma atenção estrategicamente mais focada no diagnóstico e tratamento precoces de infecções sexualmente transmissíveis. Objetivo: Demonstrar o impacto do ambulatório multidisciplinar de diversidade de gênero nos diagnósticos de infecções sexualmente transmissíveis da população transgênero. Métodos: Estudo quantitativo, retrospectivo, descritivo sobre infecções sexualmente transmissíveis diagnosticadas em pacientes atendidos no ambulatório multidisciplinar de diversidade de gênero no período de 1 ano. As informações foram coletadas por questionário previamente estruturado e resultado de testes rápidos, exames laboratoriais e análises citológicas de amostras cervicais e anais. Os dados foram registrados e tratados estatisticamente no programa SPSS. Resultados: Foram analisados os dados de 76 usuários. Houve predominância de homens transgêneros (65,8%). Desses, 20,5% apresentaram positividade para papilomavírus humano anal e 27% para papilomavírus humano cervical. Lesões pré-neoplasicas foram descritas em 16,7% dos exames de citologia cervical. A média de idade foi de 27 anos. Os homens transgêneros apresentaram maior nível de escolaridade em relação a mulheres transgêneros, sendo 100% daqueles que têm ensino superior completo e 62% dos que possuem ensino médio completo. Apenas as mulheres transgêneros apresentaram positividade para vírus da imunodeficiência humana (7,7%), sífilis (15,4%), hepatite B e C (3,8%). Tricomoníase, gonorreia e clamídia não foram diagnosticadas. Conclusão: A existência de ações como o ambulatório multidisciplinar de diversidade de gênero é essencial para fornecer orientações, medidas de prevenção e diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis, além de ser porta de entrada dessa população a serviços de saúde especializados. |