Ambulatório multidisciplinar de diversidade de gênero e a sua importância no diagnóstico precoce de infecções sexualmente trasmissíveis na população transgênero

Autor: Franco Luís Salume Costa, Fenísia Gabrielle Carvalho Saldanha, Carolina Loyola Prest Ferrugini, Raul de Paula Resende Bicalho, Lays Paula Bondi Volpini, Helena Lucia Barroso dos Reis, Susana Lamara Pedras Almeida, Liliana Cruz Spano, Neide Aparecida Tosato Boldrini, Angelica Espinosa Miranda
Rok vydání: 2021
Zdroj: Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis.
Popis: Introdução: Ao se tratar da população transgênero, é necessário entender significados e terminologias que representam a enorme diversidade. Identidade de gênero refere-se à própria experiência de quem são, diferente de orientação sexual ou expressão de gênero. A desinformação leva a sociedade a adotar estigmas e preconceitos, causando consequências negativas à saúde de pessoas transgêneras, que não se sentem confortáveis em buscar serviços de saúde. As infecções sexualmente transmissíveis são transmitidas, principalmente, por contato sexual e podem estar associadas a fatores biológicos, psicossociais e culturais. Assim, essa população se inclui no grupo que requer uma atenção estrategicamente mais focada no diagnóstico e tratamento precoces de infecções sexualmente transmissíveis. Objetivo: Demonstrar o impacto do ambulatório multidisciplinar de diversidade de gênero nos diagnósticos de infecções sexualmente transmissíveis da população transgênero. Métodos: Estudo quantitativo, retrospectivo, descritivo sobre infecções sexualmente transmissíveis diagnosticadas em pacientes atendidos no ambulatório multidisciplinar de diversidade de gênero no período de 1 ano. As informações foram coletadas por questionário previamente estruturado e resultado de testes rápidos, exames laboratoriais e análises citológicas de amostras cervicais e anais. Os dados foram registrados e tratados estatisticamente no programa SPSS. Resultados: Foram analisados os dados de 76 usuários. Houve predominância de homens transgêneros (65,8%). Desses, 20,5% apresentaram positividade para papilomavírus humano anal e 27% para papilomavírus humano cervical. Lesões pré-neoplasicas foram descritas em 16,7% dos exames de citologia cervical. A média de idade foi de 27 anos. Os homens transgêneros apresentaram maior nível de escolaridade em relação a mulheres transgêneros, sendo 100% daqueles que têm ensino superior completo e 62% dos que possuem ensino médio completo. Apenas as mulheres transgêneros apresentaram positividade para vírus da imunodeficiência humana (7,7%), sífilis (15,4%), hepatite B e C (3,8%). Tricomoníase, gonorreia e clamídia não foram diagnosticadas. Conclusão: A existência de ações como o ambulatório multidisciplinar de diversidade de gênero é essencial para fornecer orientações, medidas de prevenção e diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis, além de ser porta de entrada dessa população a serviços de saúde especializados.
Databáze: OpenAIRE