A situação colonial: abordagem teórica
Autor: | Georges Balandier |
---|---|
Rok vydání: | 2014 |
Zdroj: | Cadernos CERU. 25:33-58 |
ISSN: | 2595-2536 1413-4519 |
DOI: | 10.11606/issn.2595-2536.v25i1p33-58 |
Popis: | Um dos eventos mais marcantes da historia recente da humanidade e a expansao, pelo globo, da maioria dos povos europeus. Isso provocou a perseguicao – quando nao o desaparecimento – de quase todos os povos ditos atrasados, arcaicos ou primitivos. A acao colonial, ao longo do seculo XIX, e a forma mais importante, a mais repleta de consequencias, tomada por esta expansao europeia. Ela perturbou brutalmente a historia dos povos a ela submetidos, impondo-lhes, ao se estabilizar, uma situacao de um tipo bem particular. Nao se pode ignorar este fato, que condiciona nao somente as reacoes dos povos “dependentes”, mas explica, ainda, certas reacoes de povos recentemente emancipados. A situacao colonial traz problemas ao povo subjugado – que lhes responde na medida em que certo “jogo” lhe e concedido –, a administracao que representa a suposta nacao tutora (e defende seus interesses locais), ao Estado recentemente criado sobre o qual pesa toda uma inercia colonial. Atual, ou em fase de liquidacao, esta situacao gera problemas especificos que devem provocar a atencao do sociologo. Este pos-guerra mostrou a urgencia e a importância do problema colonial em sua totalidade, caracterizado por empreendimentos dificeis de se reconquistar, por emancipacoes e concessoes mais ou menos condicionais, e anuncia uma fase tecnica da colonizacao dando continuidade a fase politico-administrativa. Ha somente alguns anos, uma estimativa aproximada, mas significativa, recordava que os territorios coloniais cobriam, entao, um terco da superficie do globo e que setecentos milhoes de individuos, dentre os dois bilhoes da populacao total, se constituiam de povos subjugados1. Ate bem recentemente, a maior parte da populacao que nao pertencia a raca branca, se excluirmos a China e o Japao, so conhecia um estatuto dependente, controlado por uma das nacoes europeias coloniais. Estes povos dominados, distribuidos pela Asia, Africa e Oceania, pertencem todos as culturas ditas “atrasadas”, ou “sem mecanizacao” e compoem o campo de pesquisa dentro do qual operaram – e operam – os antropologos ou etnologos. E o conhecimento, de carater cientifico, que temos dos povos colonizados, permanece devido, em grande medida, aos trabalhos realizados por estes ultimos. |
Databáze: | OpenAIRE |
Externí odkaz: |