IMPACTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICO
Autor: | Cunha, Inês, Cunha, Joana, Matos, César, Machado, Sara, Pinto, Ana, Agudo, Margarida, Assunção, António, Andrade, Joana, Marques, Rui, Romão, Vera, Gomes, Ana |
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Jazyk: | portugalština |
Rok vydání: | 2023 |
DOI: | 10.58043/rphrc.59 |
Popis: | Introdução: As doenças cerebrovasculares continuam a ser uma das principais causas de morbimortalidade a nível mundial. Os acidentes vasculares cerebrais (AVCs) hemorrágicos, embora menos frequentes que os AVCs isquémicos, apresentam taxas de mortalidade superiores, tendo a hipertensão arterial (HTA) como principal fator de risco para a sua ocorrência. Objetivos: Analisar a prevalência de HTA em doentes internados por AVC hemorrágico, as características demográficas desta população e o impacto da HTA na mortalidade aos 30 dias. Métodos: Análise retrospetiva dos doentes internados por AVC hemorrágico na Unidade de AVC de Centro Hospitalar Tondela-Viseu, ao longo de um ano, recorrendo a registos do SClínico e analisando os dados estatisticamente com recurso ao programa SPSS®. Resultados: Identificaram-se 89 doentes, com idade média de 72.81 ± 12.81 anos, 39.3% do sexo feminino. Tinham antecedentes de HTA 60.7% dos doentes, dos quais 81.5% estavam medicados com terapêutica anti-hipertensora. A média de idades foi semelhante no grupo com e sem HTA (72.87 vs 72.71 anos, p=0.950). Dos doentes com HTA, 42.6% eram mulheres; no grupo dos não hipertensos, estas corresponderam a 34.3% (p=0.433). Em média, à entrada no serviço de urgência, a pressão arterial sistólica (PAS) foi de 170 mmHg e a diastólica (PAD) de 91 mmHg; 79.8% dos doentes apresentavam, no momento da admissão, PAS maior ou igual 140 mmHg e 51.7% PAD maior ou igual 90 mmHg. Quando comparado com os doentes internados nesse ano com AVC isquémico (n=322), o valor médio de PAS e PAD à entrada no serviço de urgência foi significativamente superior no grupo com AVC de natureza hemorrágica (respetivamente, 154 vs 170 mmHg, p=0.000 e 85 vs 91 mmHg, p=0.003), embora a prevalência de HTA previamente diagnosticada não fosse significativamente superior (55.6% dos doentes com AVC isquémico eram também hipertensos, p=0.392). Nos doentes com AVC hemorrágico não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos com e sem antecedentes de HTA quanto à mortalidade aos 30 dias (16.7% vs 20.0%, p=0.689). A PAS à entrada no serviço de urgência foi apenas ligeiramente superior no grupo dos doentes que faleceram no 1o mês em comparação com os sobreviventes (171 vs 169 mmHg, p=0.819), já a PAD foi em média inferior, mas também sem atingir significância estatística (85 vs 92 mmHg, p=0.163). Conclusão: A HTA revelou-se altamente prevalente nos doentes internados com AVC hemorrágico, com mais de metade dos doentes com diagnóstico de HTA prévio ao evento. Apesar de grande parte destes se encontrar medicada com fármacos anti-hipertensores, a maioria tinha valores de pressão arterial não controlados e superiores aos dos doentes internados com AVC isquémico. O diagnóstico prévio de HTA não apresentou impacto estatisticamente significativo na mortalidade dos doentes com AVC hemorrágico, pelo menos a curto prazo, mas mais estudos são necessários, nomeadamente quanto ao impacto na mortalidade a longo prazo e na repetição de eventos cerebrovasculares. Revista Portuguesa de Hipertensão e Risco Cardiovascular, N.º 92 (2022): Novembro/Dezembro |
Databáze: | OpenAIRE |
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