Sexualidade no climatério: um tabu a ser desconstruído

Autor: Alexia Soares Vidigal, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Assumção Silveira Montuori
Rok vydání: 2022
Zdroj: Jornal Brasileiro de Ginecologia.
DOI: 10.5327/jbg-0368-1416-2022132s1045
Popis: Introdução: Inicialmente julgada apenas como uma função reprodutiva, a sexualidade feminina é na verdade resultado da interação de um conjunto de fatores, agregando aspectos biológicos, sociais e psicológicos. Com o aumento da sobrevida e a presença cada vez maior do papel feminino nos espaços familiares e socioeconômicos, a sexualidade no climatério, historicamente reprimida, subvalorizada e tratada como tabu, vem sendo cada vez mais discutida. O climatério é um processo fisiológico, caracterizado por diversas alterações psicossomáticas, mas que, por definição, marca a fase de transição entre os períodos reprodutivo e não reprodutivo da mulher. Dessa forma, criou-se ao longo da história a noção estereotipada e errônea de que, ao perder a capacidade reprodutiva, o desejo sexual também não estaria mais presente. Objetivo: Discutir a importância da construção e valorização da sexualidade feminina durante o climatério. Materiais e métodos: Revisão sistemática de literatura realizada nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e United States National Library of Medicine (PubMed) com artigos estruturados entre os anos de 2008 a 2022. Resultados e conclusão: O climatério é demarcado por um período de readaptação do organismo feminino a um novo meio fisiológico, em razão de alterações hormonais e metabólicas que, por sua vez, podem ser acompanhadas de mudanças somáticas, psíquicas e sociais. Entretanto, estudos comprovam cada vez mais a inexistência de uma relação biológica que defina essas mudanças como o fim da sexualidade, do erotismo e do desejo sexual. Sabe-se que esse ideal vem de um contexto sociocultural marcado pelo patriarquismo e pela crença no fato de a mulher ser resumida a objeto reprodutivo e à maternidade. Associada a isso, há ainda a existência de um sistema de educação e saúde despreparado para atender e acolher mulheres nessa fase da vida, de forma a criar um ambiente informativo e permissivo a elas. Apesar de serem vividos de forma singular por cada mulher, os impactos do climatério sobre a sexualidade feminina atingem diretamente sua qualidade de vida. A sexualidade, portanto, é aspecto central do ser humano e independe de ambos o gênero e a função reprodutiva, devendo ser vivenciada de forma individual e livre de preconceitos.
Databáze: OpenAIRE