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A contaminação por agrotóxicos em comunidades rurais é um problema mundialmente conhecido, mas, geralmente, ocultado. O desenvolvimento de pesquisas que identifiquem este tipo de contaminação é fundamental para se avançar no debate sobre os efeitos deletérios dos agrotóxicos. Este artigo, apresenta os resultados de uma pesquisa que investigou os níveis de resíduos de agrotóxicos em amostras de urina de moradores de uma vila rural localizada no município de Francisco Beltrão/PR. Segundo relato dos moradores, a principal forma de exposição tem se dado em virtude da deriva de agrotóxicos decorrente da pulverização realizada em lavouras vizinhas à vila rural. Através da aplicação de questionários, os moradores afirmaram que as pulverizações estão relacionadas a sintomas como náuseas, dores de cabeça, tonturas, entre outros, além de problemas no desenvolvimento de alimentos plantados em seus lotes (de 5.000 m2), majoritariamente sem uso de agrotóxicos. Através da coleta de amostras de urina, foram realizadas análises laboratoriais para identificação de multiresíduos de agrotóxicos. Para identificação de resíduos de 2,4D, as análises foram feitas pela Unioeste, por meio da utilização da técnica de enzimaimunoensaio. Para os demais resíduos, as amostras foram avaliadas por cromatografia de alta resolução acoplada à espectrometria de massas para análises de multiresíduos de agrotóxicos. Os resultados das análises indicam que todas as 35 amostras de urina coletadas apresentaram presença de resíduos de 2,4D, e que 33 amostras (90%) apresentaram presença de resíduos de glifosato-AMPA, sem a detecção de resíduos dos outros agrotóxicos investigados. A análise dos dados obtidos através dos questionários indica uma associação entre residir no local por muitos anos e a existência de casos de aborto (p |