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O presente artigo trata a questão do sonho na clínica de casal como recurso técnico de análise, para a elaboração de um material traumático. O sonho é compreendido por Freud como uma atividade intrapsíquica e representante de um conteúdo recalcado sobre um desejo inconsciente. No entanto, sob a teoria de René Kaës acerca da polifonia do sonho, este ganha função compartilhada, cujo processo está presente na dimensão intersubjetiva de um grupo, de uma família e, no caso deste estudo, de um casal. Não só o conteúdo do sonho, mas a atividade realizada pelo pré-consciente do casal aponta dados relevantes numa investigação clínica. O vínculo conjugal compreende um campo fértil em que atividades psíquicas, como projeções e identificações, aparecem com mais intensidade e são compartilhadas no ato de sonhar. Fragmentos de um caso clínico de casal mostram como o sonho pode ser uma maneira de compreender a intersubjetividade presa ao material recalcado.This paper deals with the question of the dream in couple therapy, taken as a technical resource for analysis, in the elaboration of a traumatic material. The dream is understood by Freud as an individualized work, representative of repressed content related to a forbidden wish. However, the dream, under the theory of René Kaës about its polyphony, gains a shared function when present in the intersubjective dimension of a group, family and, in the case of this study, of a couple. Not only the dream content, but the work carried out by the pre-conscious as well, reveals relevant data for clinical investigation. The marital link comprises a fertile ground in which psychological activities, such as projections and identifications, appear with more intensity, and are shared in dreaming. Fragments of a couple clinical case show how the dream can be a way of understanding intersubjectivity that is bound to repressed material. |