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O câncer de boca e orofaringe é de comportamento agressivo e, no Brasil, a incidência é considerada uma das mais altas do mundo, sendo o mais comum da região de cabeça e pescoço. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é analisar os aspectos clínico-epidemiológicos dos pacientes e a evolução da doença. FORMA DE ESTUDO: Clínico retrospectivo. CASUÍSTICA E MÉTODO: Foram arrolados 43 casos de carcinoma espinocelular (CEC) de boca e 25 de orofaringe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de Misericórdia de Santos e do Hospital Ana Costa entre os anos de 1997 a 2000. Informações sobre idade, sexo, profissão, raça, hábitos de tabagismo e etilismo, uso de prótese dentária, origem do encaminhamento do paciente ao tratamento, localização da lesão, estadiamento clínico, grau de diferenciação histológica, tratamento, sobrevida e presença de segundo tumor primário foram analisados estatisticamente pelo Teste Exato de Fischer. RESULTADOS: Dos pacientes com CEC em boca, a relação de incidência masculino-feminino foi de 3,35:1, a idade variou de 46 a 91 anos (mediana de 62), 90,7% eram caucasianos, 81% foram referenciados por profissionais médicos, 76,8% eram tabagistas, 74% etilistas, 79% não utilizavam prótese dentária. O sítio mais acometido foi a língua (51,1%), 53% apresentaram-se nos estádios III e IV, 72,1% eram de grau histológico II, 53% foram tratados por cirurgia e 47% por cirurgia e radioterapia adjuvante e 9,3% apresentaram segundo tumor primário. Para a orofaringe, a relação masculino-feminino foi de 11,5:1, com idade entre 40 e 81 anos (mediana de 58), 92% eram caucasianos, 92% foram encaminhados por médicos, 84% eram tabagistas, 80% etilistas, 52% não utilizavam prótese, as tonsilas palatinas foram o sítio mais acometido (76%), 96% estavam em estádios III e IV, 84% eram de grau II, 80% foram tratados por cirurgia associada a radioterapia, 16% a cirurgia para resgate de falha após radioterapia e 4% a cirurgia exclusiva e 8% tiveram segundo primário. Não houve relação estatisticamente significativa entre o estadiamento e os hábitos de tabagismo, etilismo e uso de prótese. Tais hábitos, a faixa etária e o grau histológico não tiveram relação significativa com o sítio do tumor. Estavam vivos e livres de doença 69,7% dos pacientes com tumor de boca e 22% de orofaringe. CONCLUSÃO: O médico ou dentista que dá o atendimento inicial é fundamental no reconhecimento das lesões, para que se possa estabelecer o diagnóstico precoce.Cancer of the oral cavity and oropharynx is aggressive. It is one of the commonest cancers in Brazil and may be considered as the commonest in the head and neck. AIM: The objective of this paper is to evaluate clinical and epidemiological factors and the outcome. STUDY DESIGN: Clinical retrospective. MATERIAL AND METHODS: In a descriptive retrospective study, the charts of 43 cases of oral and 25 of oropharyngeal squamous cell carcinoma (SCC) in the period 1997-2000 have been reviewed from the Departments of Head and Neck Surgery of Santa Casa de Misericórdia de Santos and Hospital Ana Costa. This was analyzed with emphasis on age, gender, profession, ethnic aspects, tobacco and alcohol use, dental prosthesis, referement origin, site of the lesion, clinical staging, histologic grade, treatment methods, survival and second cancer presence in the study group. The data were analysed by Exact Test of Fischer. RESULTS: In the oral cavity cancer patients, a male female ratio of 3.35:1 was observed, the median age was 62 years (ranging 46 to 91 years), 90.7% were Caucasian, 81% were referred from medical professionals, tobacco use was identified in 76.8%, alcohol intake in 74%, 79% were not dental prosthesis users, tongue was the commonest site identified (51.1%), 53% were staged as III and IV clinical stages, 72.1% were moderately differentiated SCC, combined modality of treatment (surgery and adjuvant radiation therapy) was employed in 47% and 9.3% presented a second primary tumor. For the oropharynx, the male female ratio was 11.5:1, the median age was 58 years (ranging 40 to 81 years), 92% were Caucasian, 92% were referred from medical professionals, exposure to tobacco and alcohol was respectively noted in 84% and 80%, 52% did not use dental prosthesis, the tonsils were the commonest site (76%), 96% were staged as III and IV, 84% had moderately differentiated SCC, 75% underwent combined treatment (surgery and adjuvant radiation therapy) and 8% presented a second tumor elsewhere. There was not significant relationship between the clinical staging and tobacco, alcohol and dental prosthesis exposure. These factors, the age and the histologic grade had no relationship with the tumor site. For the oral cavity, 69,7% were alive with no evidence of disease and for the oropharynx, 22% were under this condition. CONCLUSION: The professional who performs the first evaluation is important in recognizing the lesions in order to achieve early detection. |