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O Alto da Cova da Moura é um bairro de construção clandestina cuja ocupação se expandiu após a revolução de 25 de abril de 1974, gerando gradualmente uma concentração de indivíduos nesse microterritório. Embora este bairro não seja único nas suas caraterísticas, é hoje percecionado como um dos territórios mais estigmatizados a nível nacional, sob justificativas firmadas sobretudo na ocorrência de fenomenologias criminais. Esta investigação, que preconizou a mobilização de uma metodologia científica assente numa abordagem qualitativa, teve como principal finalidade investigar se os residentes deste bairro têm ou não consciência dos processos estigmáticos que envolvem o território em que residem e que, consequentemente, os incluem. Embora os resultados possibilitem somente uma aproximação ao objeto de estudo empírico, evidenciou-se a existência de uma consciencialização face aos processos estigmáticos que se produzem e reproduzem no território, especialmente na faixa etária dos adultos, que demonstrou estar mais inteirada face à realidade social envolvente, seguida dos mais jovens. Em contrapartida, a população mais idosa apresentou menor consciencialização face à conotação negativa e aos processos estigmáticos que persistem no território. Ficou evidenciado que, embora os residentes partilhem um mesmo estigma pelo facto de residirem no território, condição que os ultrapassa assim como às instituições de poder que aí operam, nem todos reagem do mesmo modo. Os residentes possuem uma identidade particular que lhes confere a possibilidade de lidar e interpretar o estigma de forma distinta, gerando processos de construção identitária, também eles, dissemelhantes entre si. Alto da Cova da Moura is a clandestine neighborhood whose occupation expanded after the April 25th, 1974 revolution, gradually leading to a concentration of individuals within its micro-territory. Although this neighborhood is not characteristically unique, it is perceived nowadays as one of the most stigmatized territories of the nation, mainly due to the occurrence of criminal phenomenologies. The main purpose of this investigation, which advocates the use of scientific methodology on the basis of a qualitative approach, is to explain whether or not the residents of this neighborhood are aware of the stigmatic processes that involve the territory in which they reside and that, consequently, also involve them. Although the results only allow for an approximation to the object of empirical study, the existence of an awareness of stigmatic processes that are produced and reproduced within the territory was demonstrated. This was particularly evident in the adult age group, who proved to be more aware of the surrounding social reality, followed by the youngest age group. On the other hand, the older population showed a lower awareness of the negative connotation and stigmatic processes that persist in its territory. It was evident that, although the residents share the same stigma due to the fact that they live in the same territory (a circumstance that is beyond them and the institutions of power that operate there), not all individuals react in the same way. Despite this, the residents have a particular identity that gives them the possibility to deal with and interpret the stigma in a different way, generating processes of identity construction which are also dissimilar. |
