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Procuramos refletir sobre a literatura modernista portuguesa e sobre o contexto histórico europeu dos inícios do século XX — caracterizado por um triunfalismo excessivo e um enorme desenvolvimento científico-tecnológico, mas, fundamentalmente, por um intenso desassossego, onde prevalecem, cada vez mais, a massificação, a alienação e a desumanização das relações humanas. Trata-se de um contexto, aliás, em concordância com a desordem interior de um sujeito que acaba por sofrer com o aumento da insensibilidade e do calculismo — sensação tão bem representada por Chaplin, em “Tempos Modernos”, e, diversamente, por Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Sá-Carneiro. O discurso da subjetividade, a crise de identidade, o discurso da pluralidade e o vaticínio pessoano da “criação científica do Super-Homem” tornam-se, portanto, a este nível, questões incontornáveis. Contudo, estes sentidos — o triunfalismo, a desumanização e a plenitude do sujeito (configurada no/pelo próprio sujeito) — encontram a fórmula definitiva numa noção nuclear: a relação entre passado e futuro, entre indivíduo e coletividade, entre pluralidade e unidade, traduzem-se, afinal, na afirmação de um conjunto de autores que (com uma vitalidade interior e uma extraordinária inteligência) representaram, é certo, a consciência de uma determinada totalidade, mas também a impossibilidade dessa mesma fruição. info:eu-repo/semantics/publishedVersion |