Estudo epidemiológico sobre pneumonia hospitalar em pacientes com trauma por acidente de transporte

Autor: Pagnano, Rosana Claudia Lovato
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2005
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Druh dokumentu: Dissertação de Mestrado
Popis: O trauma é uma doença que representa um problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência no Brasil, que tem causado forte impacto na morbidade e mortalidade da população, com profundas repercussões nas estruturas sociais, econômicas e políticas de nossa sociedade. Diante da necessidade de métodos de diagnóstico e tratamento invasivos e devido à lesão traumática criar um estado de relativa imunossupressão, a evolução clínica do politraumatizado apresenta muitas variáveis que se destacam como fatores de risco para infecções hospitalares, dentre elas a pneumonia hospitalar. Esta investigação tem por objetivo estimar a incidência de pneumonia hospitalar em pacientes com trauma por acidente de transporte, identificar aqueles que desenvolveram a infecção segundo sexo, idade, doenças de base, segmento(s) afetado(s), gravidade da lesão, tempo de permanência da internação hospitalar, condições de alta, intubação endotraqueal e/ou traqueostomia, uso de ventilação mecânica, realização de toracotomia e drenagem torácica, uso de antimicrobianos profiláticos e realização de procedimentos cirúrgicos, e identificar fatores de risco para seu aparecimento. Foi realizado um estudo analítico, transversal, no qual a população estudada foi de pacientes com trauma por acidente de transporte, atendidos na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. O processamento dos dados foi realizado utilizando-se programas STATA 2.0 e Epi-Info versão 2002 e para o modelo de regressão logística múltiplo o programa usado foi o SAS versão 8. Do total de 309 registros levantados, 44 foram excluídos do levantamento, resultando em 265 prontuários considerados como a amostra do estudo. Os critérios de inclusão usados foram referentes a todas as vítimas de acidente de transporte, com idade maior ou igual a 12 anos, que permaneceram internados por período mínimo de 48 horas, durante os meses de janeiro a dezembro de 2002. A média de idade foi de 33,4 anos com mediana de 30 (amplitude de variação entre 12 a 80 anos), sendo que 224 (84,5%) eram do sexo masculino e 41 (15,5%) do sexo feminino. A média para o Injury Severity Score (ISS) foi de 13,2 com mediana de 9 (amplitude de variação entre 1 a 75). O tempo médio de internação hospitalar foi de 12,3 dias com mediana de 7 dias (amplitude de variação entre 2 a 80 dias). Dos 265 pacientes da amostra, 59 internaram no Centro de Terapia Intensiva (22,2%) mostrando média de permanência de 14 dias com mediana de 10 (amplitude de variação entre 1 a 75 dias). A taxa de incidência encontrada para a pneumonia hospitalar foi de 15,1%, onde o tempo médio de comprovação do diagnóstico foi de 6 dias. O modelo de regressão logística múltiplo encontrou que a variável sexo apresenta um risco adicional de 1,75 para a pneumonia nas mulheres (Odds Ratio ajustado de 16,0; p = 0,02). Constatou-se também que o ISS, a intubação traqueal e a drenagem torácica apresentaram percentuais maiores no sexo feminino em relação ao masculino. Na amostra total foi encontrado que o trauma de cabeça apresenta um risco adicional de 16,36 (Odds Ratio ajustado de 6,79; p = 0,04). Para a gravidade do nível da lesão o teste mostrou significância para os valores do ISS entre 19 a 22, dando um risco adicional de 82,22 (Odds Ratio ajustado de 59,61; p = 0,04). Para os dias de internação hospitalar ocorreu uma forte significância no reagrupamento, cujo intervalo de permanência hospitalar variou de 16 a 80 dias, apresentando um risco adicional de 48,66 (Odds Ratio ajustado de 135,61; p < 0,01). O procedimento de intubação traqueal mostrou risco adicional de 63,00 (Odds Ratio ajustado de 45,68; p < 0,01) e para a drenagem torácica encontramos um risco adicional de 9,33 (Odds Ratio ajustado de 13,64; p = 0,04). Como conclusão, este estudo indica que a incidência de pneumonia hospitalar se deve principalmente ao fato desta população ter sido submetida a procedimentos invasivos de tratamento, fato demonstrado também na literatura. Entretanto, na população estudada vimos que o nível de gravidade da lesão e o tempo de permanência hospitalar mostram-se menores em relação a outros estudos. Estes resultados fornecem uma linha de base para discussões sobre mudanças na abordagem destes doentes.
Trauma is a disease that represents a public health problem of great magnitude and transcendence in Brazil, with a strong impact on the morbidity and mortality of the population and profound repercussions on the social, economic and political structures of our society. In view of the necessity of invasive diagnostic and treatment methods and considering that traumatic injury creates a state of relative immunosuppression, the clinical course of polytraumatized patients presents many variables that are particularly important as risk factors for hospital infections, among them hospital pneumonia. The objective of the present investigation was to estimate the incidence of hospital pneumonia among patients with traumas due to traffic accidents, to identify those that developed this infection according to sex, age, previous history, type of trauma, severity of the injury, duration of hospitalization, discharge conditions, endotracheal intubation and/or tracheostomy, use of mechanical ventilation, thoracotomy and chest drainage, use of prophylactic antibiotic, and execution of surgical procedures, and to identify risk factors for to appearing. An analytical, cross-sectional study was conducted on a population of patients with trauma due to traffic accidents attended at the Emergency Unity of the University Hospital, Faculty of Medicine of Ribeirão Preto, University of São Paulo. Data were processed with the STATA 2.0 and Epi-Info version 2002 software and the multiple logistic regression model was applied using the SAS version 8 software. Of the 309 records surveyed, 44 were excluded, resulting in 265 medical records considered to represent the study sample. The inclusion criterion was: all victims of traffic accidents aged 12 years or older who were admitted for at least 48 hours during the months of January to December 2002. Mean age was 33.4 years and the median was 30 years (range: 12 to 80 years); 224 (84.5%) were males and 41 (15.5%) were females. Mean Injury Severity Score (ISS) was 13.2 and the median 9 (range: 0 to 99). Mean time of hospitalization was 12.3 days, with a median of 7 days (range: 2 to 8 days). Of the 265 patients in the sample, 59 were admitted to the Intensive Care Unit (22.2%), with a mean permanence of 14 days, median of 10 days (range: 1 to 75 days). The rate of incidence of hospital pneumonia detected was 15.1%, with a mean time of diagnostic confirmation of 6 days. The multiple logistic regression model revealed that the sex variable presented an additional risk of 1.75 for pneumonia among women (adjusted Odds Ratio of 16.0; p = 0.02). We also observed higher percentages of ISS, tracheal intubation and chest drainage among women compared to men. For the sample as a whole, head trauma was found to present an additional risk of 16.36 (adjusted Odds Ratio of 6.79; p = 0.04). For the severity of injury level the test showed significance for ISS values between 19 and 22, with an additional risk of 82.22 (adjusted Odds Ratio 59.61; p = 0.04). For the days of hospitalization there was strong significance in regrouping, with hospital permanence ranging from 16 to 80 days, with an additional risk of 48.66 (adjusted Odds Ratio of 135.61; p < 0.01). The procedure of tracheal intubation showed an additional risk of 63.00 (adjusted Odds Ratio of 45.68; p < 0.01) and chest drainage showed an additional risk of 9.33 (adjusted Odds Ratio of 13.64; p = 0.04). We conclude that the present study indicate that the incidence of hospital pneumonia was mainly due to the fact that this population was submitted to invasive treatment procedures, a fact also demonstrated in the literature. However, we observed that in the study population the level of severity of the injury and the time of hospitalization were lower than those reported in other studies. These findings provide a baseline for a discussion of changes in the approach to these patients.
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