Práticas conversacionais na tomada do histórico em uma entrevista psiquiátrica

Autor: Fernandes, Rafael Jefferson
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2016
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UFJFUniversidade Federal de Juiz de ForaUFJF.
Druh dokumentu: masterThesis
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O presente estudo constitui uma interface entre linguagem e saúde mental. Inserida nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise da Conversa Etnometodológica (SACKS, SCHEGLOFF e JEFFERSON (2003 [1974]) e, apoiando-se nos marcos teóricos da Linguística Aplicada das Profissões (SARANGI, 2006), essa dissertação buscou, em um primeiro momento, mapear, sob uma ótica interacional, as fases que compõem uma entrevista psiquiátrica de primeira vez de um ambulatório médico psiquiátrico que funcionda dentro de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), vinculado ao Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Quanto ao método de pesquisa escolhido, utilizamos o estudo de caso, a fim de, em um segundo momento, realizar uma investigação de natureza exploratória, através da qual procuramos compreender as práticas conversacionais realizadas por uma médica residente em psiquiatria de nível um – R1 – para a tomada do histórico de um paciente.A análise de dados evidenciou que, inicialmente, as fases mapeadas durante esse evento discursivo afastam-se da proposta apresentada pela literatura especializada, na medida em que foi encontrado um número superior em relação às descritas nos manuais, isto é, abertura - apresentação do problema – tomada do histórico – avaliação do caso e encaminhamento – negociação e prescrição da medicação – recomendação do tratamento – realização do laudo – encerramento. Ademais, os resultados mostraram que a médica utiliza uma série de práticas, como o uso de formulação, a produção de continuadores (SCHEGLOFF, 1982), a repetição da fala do paciente e a elaboração de novas perguntas (HERITAGE, 2007), que fomentam no paciente a produção de relato, o que parece estar orientado para o objetivo da fase. Acredita-se que, ao desempenhar tais práticas, a médica aproxima-se de uma escuta ativa (HUTCHBY, 2005). Nessa direção, considerando a importância da relação médico-paciente para a construção das hipóteses diagnósticas e para o encaminhamento terapêutico, acredita-se que essa pesquisa é extremamente relevante, pois auxilia na compreensão da dinâmica interacional entre esse par, o que implica uma nova perspectiva para o entendimento do uso da linguagem nesse contexto, o que, por conseguinte, pode melhorar a qualidade dos serviços oferecidos.
The current study forms an interface between language and mental health. Embedded in methodological and theoretical assumptions from the Ethnomethodological Conversation Analysis (SACKS, SCHEGLOFF e JEFFERSON (2003 [1974]) and, is supported by theoretical milestones of Applied Linguistics on Professions (SARANGI, 2006), this essay aimed, firstly, at mapping, through an interactional standpoint, the stages which compose a first-time psychiatric interview from a medical psychosocial ambulatory that works on a Psychosocial Attention Center (Centro de AtençãoPsicossocial – CAPS), linked to the University Hospital of the Federal University of Juiz de Fora. Regarding the chosen research method, we made use of the case study, aiming at, in a second moment, performing an exploratory-oriented investigation through which we try to understand the conversational practices undertaken by a psychiatric resident doctor on level 1 – R1 – for taking the patient history. The data analysis showed that, initially, the stages mapped during this discursive event moved away from the initiative proposed by the specialized literature, as a higher number of relations when compared to the manuals were found, which is, opening – problem display – history taking – case evaluation and forwarding – negotiation and drug prescription – treatment advisory – report fulfillment – closing. Furthermore, the results showed that the doctor used several practices, such as the use of formulation, the production of continuators (SCHEGLOFF, 1982), the patient speech repetition and elaboration of new questions (HERITAGE, 2007), which encourage patient report, seemingly more oriented to the goal of the stage. It is believed that when engaging this practice, the doctor gets closer to an active hearing (HUTCHBY, 2005). In this direction, regarding the importance of doctor-patient relation for the development of diagnosed hypothesis and the therapy addressing, we consider this research extremely relevant, as it helps understanding the interactive dynamics of the duo, implying a new perspective for the understanding of language use within this context, what, consequently, may improve quality of living of offered services.
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