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Esta tese mapeia as representações da personagem Ofélia de Shakespeare na Inglaterra vitoriana em três áreas nas quais ela ganhou maior expressividade: em edições, no palco e na iconografia. Trata-se, portanto, de um estudo interdisciplinar, que se insere na área dos estudos culturais. A premissa básica é a de que a ubíqua presença de Ofélia na cultura vitoriana serve como exemplo paradigmático do que Raymond Williams chama de "estrutura de sentimento", ou seja, a personagem constitui um veículo adequado para compreendermos os paradoxos da época, principalmente no que diz respeito aos papéis femininos. A divisão da tese é arquitetada em três capítulos que lidam com as especificidades de cada representação, mostrando, também, como eles se interconectam dinamicamente. O material analisado contempla duas edições familiares de Hamlet; duas "narrativas instrutivas"; um roteiro cênico; uma pintura e um poema. Para auxiliar e elucidar as maneiras pelas quais Ofélia foi apropriada, lancei mão de textos os mais diversos: comentários de críticos de teatro e pintura; observações de atores e escritores; atitudes da época com relação ao suicídio feminino; a vida de Elizabeth Siddall, bem como a crítica contemporânea. As representações de Ofélia sublinham a permeabilidade das fronteiras das artes e também nos mostram, em maneiras que escapam a nossa compreensão, como a vida muitas vezes imita a arte. |