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Este artigo pretende articular o eixo “sul-sul” (Brasil-África) ao eixo “norte-sul” (Brasil-França) lançando uma reflexão sobre a tradução de dois romances francófonos no Brasil: Pelourinho (1995, Seuil), do Guineano Tierno Monénembo, e Là où les tigres sont chez eux (2008, Zulma), do Francês Jean-Marie Blas de Roblès. Considerado como simplista, quando não redutor ou preconceituoso, o uso do cliché não costuma ser bem visto nos textos literários. Nestes dois romances, no entanto, o papel que ele desempenha parece ir além daquele previsto pelo seu “lugar comum”, que é o da imagem desgastada e repetida. O que diz o “Brasil” que se desvela nos romances a respeito de sua relação com o Outro, seja ele africano, europeu ou, particularmente, francês? Que inflexões os clichés sobre o Brasil podem adquirir uma vez transplantados no próprio Brasil? Que transformações o trabalho de tradução implica quanto ao seu tratamento literário? A tradução pode/deve agir sobre as imagens e/ou leituras “estigmatizantes” ou “culturalistas” produzidas em/por textos francófonos (França, África)? Estas questões serão centrais para a reflexão que desejamos lançar sobre o Atlântico-sul, reflexão esta situada entre o “clichê” e a sua tradução. |