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Discuto neste artigo a peça Ramos para piano (+ voz) e sons eletroacústicos do compositor Paulo Rios Filho. A obra evidencia a busca do compositor por “um compor com o mundo” (RIOS FILHO, 2015), e traz para a sala de concerto uma reflexão sobre a tradição das rezadeiras do Delta do Parnaíba, região onde ele reside. Recursos provenientes da etnografia e de paisagem sonora fazem de Ramos uma composição de alto conteúdo “sociossônico” (RENNIE, 2014). Além da investigação sobre as rezadeiras e o Delta do Parnaíba, Ramos resultou também da investigação sobre questões técnico-musicais relativas à voz da pianista, sua interação com os gestos pianísticos, e a sincronização da performance ao vivo com suporte fixo, aspectos esses discutidos durante a colaboração entre o compositor e a pianista. Mais que um documentário musical, Ramos é um modelo de colaboração artística de relevância social e cultural. |