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Neste trabalho, investiga-se as percepções produzidas sobre a relação maternidade-trabalho em mulheres trabalhando em home office. Aborda-se a divisão sexual do trabalho, sob a perspectiva do debate entre o trabalho produtivo e o trabalho doméstico. Ainda, analisa-se as concepções teóricas de gênero no home office, especificamente a relação maternidade-trabalho. A abordagem é qualitativa, tendo-se realizado entrevistas semiestruturadas com 9 mulheres mães que trabalham em casa. A análise de discurso foi conduzida a partir de três categorias: divisão sexual do trabalho, maternidade e trabalho em home office. Buscou-se uma apropriação relativa aos sentidos das narrativas, indicando diferentes contextos interpretativos. Mesmo com maior participação dos cônjuges, firma-se que são insuficientes as recentes mudanças em relação a divisão sexual do trabalho, que ainda se defronta com a hegemonia do patriarcado. Os resultados apontam fatores intensificadores da relação maternidade-trabalho dentro do contexto de home office. Identificou-se uma constante sobrecarga, surgida dos múltiplos papéis por elas desempenhados, gerando narrativas de culpa que advém da sensação de não contemplar de forma satisfatória nem a carreira, nem a família. Apesar de o home office ser considerado um facilitador na articulação maternidade-trabalho, há aumento na carga de trabalho e dificuldade de distinguir o tempo de lazer. Ainda que os ideais reforçados por séculos estejam sofrendo mudanças, ainda se espera que a mulher seja a responsável principal pelo suprimento das necessidades dos filhos. Essa é uma premissa do trabalho reprodutivo que acaba tendo aderência na modalidade do home office. |