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Em 2006, iniciou-se um projeto de documentação da língua dos caxinauás (huni kuinan hantxa), grupo pano que vive na área fronteiriça entre o Brasil e o Peru. Durante o projeto, foram coletados dados audiovisuais e revisado o material já existente em diversos formatos. O objetivo oficial do programa DoBeS era um acervo digital, acessível a toda comunidade acadêmica. Um objetivo do projeto, porém, era a participação da própria comunidade indígena em termos de trabalho nos dados, seleção de temas e acesso ao e usufruto dos resultados. O projeto optou ainda por valorizar a formação em linguística de professores caxinauás e a troca de ideias relativas a conceitos de metalinguagem linguística. Em parte, essas atividades podiam ser financiadas com verbas do projeto, devido às mudanças nos paradigmas relacionados à conduta de pesquisa. Outras atividades foram realizadas com apoio de vários parceiros culturais e educacionais. Foi publicada uma re-transcrição e tradução da primeira coletânea de textos caxinauás de Capistrano de Abreu (1914); fotos e gravações antigas de cantos tradicionais foram digitalizados e disponibilizados à comunidade; diversos aspectos da língua e cultura foram abordados nas oficinas segundo a demanda local. Em 2018, foi possível mostrar alguns resultados desse trabalho em uma exposição em Belém, conceituada em conjunto com membros da comunidade, na qual dois representantes do grupo propuseram visitas monitoradas ao público. Nesta comunicação, apresentamos algumas das possibilidades de como, a partir de um projeto declaradamente científico em comunidade indígena, pode-se desenvolver atividades para fortalecer a língua, valorizar práticas socioculturais e dar mais visibilidade social para a comunidade em questão. A pesquisa científica junto com a pesquisa aplicada. |