MANEJO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE ONCOLÓGICO PARA TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA: RELATO DE UM CASO DESAFIADOR

Autor: SCS Passos, GRR Ibraim, PRS Barros, IV Silva, VCM Braga, LB Nunes, VLD Costa, JARE Silva, RDS Pinheiro
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2023
Předmět:
Zdroj: Hematology, Transfusion and Cell Therapy, Vol 45, Iss , Pp S903-S904 (2023)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2531-1379
88308960
DOI: 10.1016/j.htct.2023.09.1625
Popis: Objetivo: Relatar o manejo odontológico de uma paciente em recaída da leucemia mieloide aguda (LMA), com indicação de transplante de medula óssea (TMO). Métodos: Relato de caso descrevendo a anamnese, história médica pregressa, exame clínico, exame radiográfico e conduta. Relato de caso: Mulher, 42 anos, autodeclarada branca, em tratamento para a LMA desde 2021 ,: no Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti (Hemorio), sendo que nos últimos dois anos, com faltas frequentes devido a questões sociais. O médico assistente já havia solicitado encaminhamento da mesma para o setor de odontologia, porém, com baixa adesão. Devido à gravidade do caso, foi reencaminhada avaliação urgente para liberação para o TMO e internação social para a realização dos procedimentos necessários. Na anamnese, relatou ser a provedora da alimentação dos seus três filhos. Ao exame clínico extraoral, sem alterações; intraoral: mucosas íntegras, higiene oral deficiente, presença de inúmeras lesões cariosas, quadro de gengivite localizada, restos radiculares e língua saburrosa. Radiograficamente apresentava os elementos 14, 17, 22, 23, 45, 46 com indicação de extração. Foi realizada: 1) instrução de higiene oral rigorosa + raspagem supra e subgengival 2) exodontias em dois tempos cirúrgicos sob profilaxia antibiótica (amoxicilina 2 g, 1 hora antes do procedimento), utilização de plaqueta rica em fibrina (PRF) no alvéolo, antes da sutura, e fotobiomodulação com laser de baixa potência (1 J-vermelho); 3) restauração dos elementos 11, 12, 13, 15, 31, 32, 33, 41, 42, 43. Resultado: A paciente teve a saúde oral restaurada, removendo os focos infecciosos, possibilitando a realização do transplante em serviço externo 33 dias após os procedimentos odontológicos. A mesma segue em acompanhamento e aguarda o momento oportuno para a realização da reabilitação protética. Discussão: A Odontologia, inserida na equipe multidisciplinar, tem papel crucial em todas as fases de tratamento oncológico, desde uma avaliação inicial e cuidados com a saúde bucal durante e pós-tratamento. Neste caso a paciente chegou tardiamente, justificada pela mesma devido à vulnerabilidade social levando a necessidade de procedimentos mais radicais, como a exodontia. A utilização da PRF visa à regeneração tecidual e reduz as chances de traumas pós-operatórios, o que foi observado após a remoção dos pontos cirúrgicos. A laserterapia realizada no caso descrito teve como objetivo a analgesia, a biomodulação e o controle da inflamação local. Conclusão: A condição oral possui impacto direto no sucesso do tratamento oncológico, e desta forma, o acompanhamento odontológico pré, trans e pós-transplante é imprescindível e o encaminhamento deve ser realizado o mais precocemente. O cirurgião-dentista deve realizar uma anamnese criteriosa e exame clínico minucioso e lançar mão de todo recurso disponível para a condução individualizada de cada caso. Sugerem-se políticas públicas inerentes a pacientes oncológicos de forma ampliada vislumbrando uma maior adesão ao tratamento uma vez que o absenteísmo torna o manejo desafiador com a possibilidade de prognóstico duvidoso.
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