SUPERANDO OS DESAFIOS DA ANÁLISE DE HEMOGLOBINAS EM PACIENTES COM DOENÇA FALCIFORME SOB TRATAMENTO COM VOXELOTOR NO HEMORIO: UM ESTUDO COMPARATIVO DE PLATAFORMAS HPLC

Autor: RA Louback, ION Cabral, CLC Lobo, PG Moura
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2024
Předmět:
Zdroj: Hematology, Transfusion and Cell Therapy, Vol 46, Iss , Pp S78-S79 (2024)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2531-1379
DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.131
Popis: Introdução: O Voxelotor é um medicamento inovador desenvolvido para o tratamento da Doença Falciforme (DF), que atua se ligando diretamente à hemoglobina S (HbS), aumentando sua afinidade pelo oxigênio. Com isso, é capaz de impedir sua polimerização e falcização das hemácias, diminuindo hemólise e vaso-oclusão. No entanto, essa interação forma um complexo (HbS-Vox) que interfere na quantificação das frações das hemoglobinas por Cromatografia Líquida de Alta Performance por Troca Iônica (HPLC). Objetivo: Descrever as alterações observadas nos gráficos cromatográficos de pacientes com DF em uso de Voxelotor por meio de Programa de Acesso Expandido no HEMORIO, bem como propor abordagens para lidar com tal interferência. Materiais e métodos: Foram utilizadas amostras de oito pacientes do Programa de Acesso Expandido do Voxelotor no HEMORIO, que foram incubadas a 37 e 39 ºC por até 24 horas e analisadas por HPLC, no analisador VARIANT II TURBO (BIO-RAD) ou PREMIER RESOLUTION (TRINITY BIOTECH), para avaliar o efeito da temperatura sobre a porcentagem do pico de HbS-Vox. Discussão e resultados: Foi observado que nas amostras colocadas no analisador VARIANT, a interferência aparece como uma sobreposição de picos dificultando a análise do cromatograma, já no PREMIER, a interferência é menor, sem o aparecimento de picos duplos. Admiravelmente, no VARIANT, após incubação por 24 horas a 37ºC ou 39ºC o complexo HbS-Vox diminui consideravelmente, chegando a não ser mais detectado em diversas vezes. Embora no PREMIER esse efeito seja similar, o complexo não chega a a desaparecer. Analisamos que após 24 horas da retirada da amostra da condição de incubação, o complexo volta a se formar. Curiosamente, o aquecimento de amostras de pacientes com DF que não utilizavam o Voxelotor não causou nenhuma alteração no cromatograma. Tendo esses resultados em vista, constatamos que o Voxelotor interfere no gráfico de HPLC, mas o processo de aquecer a amostra parece ser capaz de desfazer o complexo formado com a HbS, resultando em um gráfico adequado para o cálculo das frações de Hb no VARIANT. A observação de que o gráfico e as frações de Hb permaneceram inalterados nos pacientes que não usavam o Voxelotor indica que as condições de incubação por si mesmas não afetam a amostra, sugerindo que a temperatura influencia apenas na interação do Voxelotor com a Hb. Já para o PREMIER, que apresenta o pico interferente isolado, a incubação não seria necessária, sendo possível utilizar o valor do pico HbS-Vox como forma de acompanhamento da adesão ao tratamento e evolução do paciente. Conclusão: Após longos períodos sem inovação terapêutica para a doença falciforme, temos o surgimento de novas drogas, algumas ainda em linha de pesquisa clínica, para melhorar os eventos agudos e danos crônicos causados pela doença. Entretanto, devemos sempre trabalhar em conjunto da assistência clínica com a rede de apoio de análises clínicas para identificarmos as possíveis relações e interferências dos medicamentos nos resultados laboratoriais. Nesse trabalho podemos observara que laboratório pode ser utilizado como uma ferramenta para a inferir a adesão do paciente ao uso do medicamento em questão.
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