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Resumo O objetivo deste artigo é refletir sobre a relação entre pornografia digital e big data, com foco especial nos modos como a categoria “novinha”, utilizada como forma de classificação de conteúdos pornográficos, circula e é apropriada, transformando-se em dados e métricas. Esta categoria é parte do vocabulário do senso comum no Brasil, sendo bastante utilizada em músicas, em contextos periféricos e como forma de classificar um tipo específico de vivência da adolescência. A perspectiva aqui desenvolvida se baseia em observação etnográfica conduzida no PornHub. Mais especificamente, interessam a esta reflexão as informações divulgadas pelo chamado PornHub Insights, dedicado à publicização e à análise de dados de acesso. A partir disso, busco compreender como a divulgação destes dados - plataformizados e nada neutros - levanta questões relativas à interseção entre sexualidades, moralidades, violência e adolescência, além de funcionar como um índice do que seria parte do comportamento sexual brasileiro. Neste sentido, parto das ideias de “datificação sexual” (Saunders 2020) e de plataformização para entender os processos que transformam práticas sexuais, corpos e sexualidades em dados supostamente quantificáveis, estabelecendo formas de governança das sexualidades. Trago também observações de minha própria navegação pelo PornHub, bem como recortes dos debates suscitados pelos dados de 2016 a partir de publicações no Facebook e no Twitter. Por fim, com o uso do NCapture, trago um mapeamento experimental de como a categoria “novinha” circula pelo Twitter, estando associada a hashtags e postagens que corroboram sua apropriação para indicar conteúdos eróticos. Assim, busco mostrar como esta categoria e seu uso como demarcadora de conteúdos pornográficos coloca em questão os limites da sexualidade (Gregori 2016). |