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Objetivos: Analisar e descrever o perfil clínico-epidemiológico das internações por Doença de Hodgkin no Brasil, entre 2013 a 2023. Material e métodos: Estudo de série temporal, de base populacional utilizando-se dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) entre 2013 e 2023, referentes ao número de internações, com ênfase na idade de 0 a 59 anos, disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), tabulados com auxílio do programa Excel. Resultados: Durante o período analisado, foram registradas 53.324 internações por doença de Hodgkin no Brasil. A região com maior prevalência de internações foi a Sudeste (47,65%), seguida pela região Nordeste (24,71%), Sul (17,29%), Centro-Oeste (6,3%) e Norte (4,05%). Quanto à faixa etária, a maior ocorrência de internações confirmadas foi entre 20 a 29 anos (27,7%), precedido por 30 a 39 anos (19,3%), 15 a 19 anos (16,53%), 40 a 49 anos (11,34%), 10 a 14 anos (10,12%), 50 a 59 anos (8,72%) e 5 a 9 anos (4,86%). Os casos de internação foram predominantes em indivíduos do sexo masculino (55,70%) com 26.694 casos, seguido pelo sexo feminino (44,30%) com 21.229 registros. A maior prevalência de internações confirmadas ocorreu em 2019, com 5.538 casos, o que corresponde a cerca de 10,39% das internações hospitalares do período. Observa-se certa oscilação no número de internações ao longo dos anos, havendo considerável aumento entre a segunda metade da década de 2010 e os primeiros anos da década de 2020, com aumento médio de 6,19% por ano, nesse período. Em relação ao número de óbitos, foram registrados 1.480 casos, com maior prevalência entre o sexo masculino (58,65%), entre 30 e 39 anos (22,84%), na região sudeste (45,54%). Discussão: A análise retrospectiva do perfil clínico-epidemiológico das internações por Doença de Hodgkin no Brasil, entre 2013 e 2023, revela uma prevalência significativa na região Sudeste e uma predominância em homens jovens, alinhando-se às características epidemiológicas descritas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) em 2020, que apontam maior incidência da doença em adolescentes e adultos jovens, especialmente do sexo masculino. Além disso, a oscilação e o aumento das internações ao longo dos anos, com um pico em 2019, corroboram a estabilidade na incidência de novos casos e a redução da mortalidade em mais de 60% desde os anos 1970 devido aos avanços no tratamento, conforme indicado pelo INCA. A predominância de internações em homens (55,70%) também está de acordo com a maior propensão masculina para desenvolver a doença, destacando a necessidade de atenção específica para esses grupos etários e demográficos no planejamento de políticas de saúde pública e estratégias de tratamento. Conclusão: A análise retrospectiva indicou uma distribuição significativa das internações por Doença de Hodgkin, com predominância na região Sudeste e uma alta incidência entre homens jovens. O estudo também revelou uma estabilidade na incidência de novos casos, acompanhada por um aumento nas internações e uma redução significativa na mortalidade devido aos avanços no tratamento. Os dados reforçam a necessidade de políticas de saúde pública voltadas para adolescentes e adultos jovens, especialmente do sexo masculino. Conclui-se que o aprimoramento contínuo dos tratamentos tem sido eficaz na redução da mortalidade associada à doença. |