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Introdução e objetivos: O potencial do vírus chikungunya (CHIKV) causar doenças neurológicas, que podem resultar em óbito ou incapacidade, é cada vez mais reconhecido pelos médicos, particularmente em áreas endêmicas. Nós descrevemos os fatores de risco associados a óbito e incapacidade de 71 pacientes com confirmação clínica e laboratorial para CHIV. Metodologia: Realizamos uma coorte descrevendo características epidemiológicas, clínicas, neurológicas e laboratorias de pacientes com síndromes neurológicas associadas a CHIKV. A confirmação laboratorial do arbovírus incluiu qRT-PCR e IgM de líquor, soro ou vísceras. Parâmetros clínicos, liquóricos e de neuroimagem foram utilizados para diagnóstico da síndrome neurológica. Resultados e Conclusão: 43.6% (31/71) dos pacientes evoluíram a óbito. Alguns fatores de risco para agravamento da doença foram idade mais elevada (≥ 65 anos) (p = 0,010), presença de diabetes mellitus (p = 0,033), rebaixamento da consciência (p = 0,013), aumento na proteína e celularidade do líquor (p = 0,001), aumento da dosagem de uréia (p < 0,001) e alterações nos exames de neuroimagem (p = 0,021). Do grupo que evoluiu a alta hospitalar (40/71), 75% (30/40) apresentaram incapacidade. A mais frequente foi paraparesia 66.6% (20/30), seguida de quadriparesia, monoparesia de membro inferior, monoparesia de membro superior e desorientação. 73,4% apresentaram paresia em membros inferiores ou membros superiores, na admissão hospitalar. Todos tinham valores aumentados de proteína (mínimo: 83/máximo: 193). O uso do corticóide esteve associado à maior chance de sobrevida. O monitoramento das manifestações clínicas, neurológicas e laboratoriais exigem um olhar diferenciado desde o momento inicial da admissão hospitalar de um paciente com suspeita de neuro-chikungunya, auxiliando no manejo clínico e no prognóstico da doença. |