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Introdução: O sistema de grupo sanguíneo MNS (002) foi o segundo a ser descoberto por Landsteiner e Levine em 1927, depois do sistema de grupo sanguíneo ABO. Por isso foi atribuído a ele o número ISBT 002 na International Society of Blood Transfusional (ISBT). Atualmente, o sistema MNS (002) possui um total de 50 antígenos, possuindo 6 antígenos a menos que o sistema RH (004). Os anticorpos de especificidade anti-N são menos frequentes do que os anticorpos de especificidade anti-M e geralmente são anticorpos frios, de classificação IgM, reagindo com seu sítio antigênico em temperatura ambiente (TA) e com maior intensidade em temperaturas frias (4°C). Além disso, não possuem importância clínica se não reagirem a 37°C. Perrault (1973), em seu estudo, descreveu 8 amostras apresentando anti-N em uma triagem de 45.000 amostras, enquanto Crousher (1997) encontrou apenas dois exemplares em uma triagem de 86.000 amostras. Esses achados demonstram que esse anticorpo é pouco visto na rotina transfusional. O anti-N rotineiramente é ignorado durante a prática transfusional por geralmente não possuir amplitude térmica, entretanto há relatos em literatura informando que este aloanticorpo pode ocasionar discrepância ABO. Quando apresenta amplitude térmica, reativo a 37°C, mesmo de ocorrência natural, raramente pode estar envolvido em reações transfusionais hemolíticas e na doença hemolítica do feto e do recém-nascido (DHFRN). Objetivo: Relatar a identificação de um Anti-N de provável ocorrência natural visto que é pouco relatado em literatura. Relato de Caso: Paciente do sexo feminino, 87 anos, em cuidados paliativos, com solicitação de 02 concentrado de hemácias, sem histórico de transfusão de sangue anterior. A amostra foi encaminhada ao laboratório de imuno-hematologia regional para identificação de anticorpos irregulares. A paciente foi fenotipada como O RhD Positivo, R1r, M+, N-, S-, s+. A pesquisa de anticorpos irregulares apresentou resultado positivo em TA (1+) para hemácias de triagem e apresentou resultado negativo em antiglobulina humana (AGH), assim evidenciando se tratar de um aloanticorpo frio. O teste de amplitude térmica foi realizado e não houve reação do soro com as hemácias testadas, por essa razão o aloanticorpo identificado não possui importância clínica, correspondendo assim com a literatura. Também foi realizado o autocontrole que obteve um resultado negativo. O soro da paciente foi testado em um painel de hemácias apresentando reatividade mais fortes em TA e em 16ºC para hemácias N+ N+ homozigotas e com reatividade mais fraca para hemácias M+ N+ heterozigotas, sendo negativo em hemácias N-. Todo o painel foi negativo em AGH. Assim, obteve uma significância acima de 99%. Relatado que a paciente nunca recebeu transfusão de hemocomponentes, não possui histórico de gestação e aborto, assim eliminando a possibilidade de ser um anticorpo imune. Como também nunca realizou sessão de hemodiálise, descartando a hipótese de ser um anti-Nf. Considerando o fato de ausência de exposição a células alogênicas à paciente, o aloanticorpo anti-N identificado pode ser considerado de ocorrência natural. Conclusão: Este trabalho enfatiza que pode haver anticorpos com especificidade contra alguns antígenos eritrocitários mesmo que o paciente não tenha sido exposto previamente, além de evidenciar o aparecimento de um anticorpo de especificidade anti-N que pode ser de ocorrência natural, considerando poucos relatos na literatura. |