RELATO DE CASO: PLASMAFÉRESE NO TRATAMENTO DE UM CASO DE RABDOMIÓLISE SECUNDÁRIA A SÍNDROME DE INFUSÃO DO PROPOFOL (SIP)

Autor: VLR Pessoa, BS Monteiro
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2024
Předmět:
Zdroj: Hematology, Transfusion and Cell Therapy, Vol 46, Iss , Pp S818-S819 (2024)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2531-1379
DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.1386
Popis: Introdução: A síndrome da infusão do propofol (SIP) é uma condição rara e frequentemente fatal que ocorre após infusão prolongada deste fármaco, resultando em acidose metabólica, rabdomiólise, hipertrigliceridemia, falência renal e alto risco de mortalidade. O manejo inclui a suspensão do propofol, tratamento das complicações eletrolíticas e hemodiálise para controlar a insuficiência renal aguda (IRA) mioglobinúrica, embora a hemodiálise tenha capacidade limitada de remover mioglobina, devido ao seu elevado peso molecular. A plasmaferese, apesar de controversa, tem mostrado benefícios em alguns casos, este relato de caso destaca a importância do seu papel no tratamento da rabdomiólise. Caso: Em 16/04/24, paciente PDS, nascido em 20/09/2010, pós-ressecção de metástases pulmonares de hepatoblastoma, estava sob ventilação mecânica e sedado com infusão contínua de propofol. Desenvolveu acidose metabólica, necessidade de drogas vasoativas e injúria renal, sendo iniciada hemodiálise contínua e considerada a hipótese de SIP. Apesar da interrupção do propofol e manutenção da hemodiálise, o quadro clínico e laboratorial tiveram piora. Em 20/04, apresentava CPK de 59.900 U/L, mioglobina de 75.000 mcg/dl e transaminases elevadas (4016 mg/dl). Em 22/04, devido à piora, foi realizada uma sessão de plasmaferese com troca de uma volemia plasmática. No dia seguinte, a mioglobina caiu para 1399 mcg/dl e a noradrenalina reduziu de 0,7 mcg/Kg/min para 0,09 mcg/Kg/min. Em 24/04, devido a nova elevação da CPK (300.300 U/L) optou-se por uma segunda sessão de plasmaferese com troca de uma volemia plasmática. No dia seguinte, a CPK caiu para 75.982 U/L e, a partir daí, houve queda progressiva de CPK e das enzimas hepáticas, sem necessidade de aminas. No 23ºdia após a segunda plasmaferese, a CPK e as enzimas hepáticas estavam normais. O paciente permaneceu internado para tratamento de outras intercorrências relacionadas à doença de base. Discussão: No caso descrito, a plasmaferese terapêutica teve um papel crucial como coadjuvante no tratamento da SIP. Sua baixa utilização talvez esteja relacionada ao fato de ter grau de evidência 2C (grau utilizado para intoxicação por drogas). A hemodiálise, embora fundamental, tem limitação na remoção da mioglobina devido ao seu elevado peso molecular. Talvez por isso, somente a sua utilização associada aos cuidados clínicos, não sejam suficientes para evitar a alta mortalidade da SIP. A introdução da plasmaferese mostrou rápida melhora nos parâmetros laboratoriais e clínicos do paciente, sugerindo que pode ser uma opção terapêutica benéfica. Conclusão: A SIP é uma complicação grave e rara que ocasiona casos graves de rabdomiólise, com alta mortalidade e sem tratamento específico estabelecido. Devido à eficácia limitada da terapia dialítica e cuidados clínicos na prevenção da mortalidade, recomenda-se considerar a plasmaferese como tratamento adjuvante, apesar das evidências limitadas na literatura.
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