RELATO DE CASO: LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA DE CÉLULAS B COM PRESENÇA DE PANCITOPENIA E AUMENTO DE HORMÔNIO TIREOESTIMULANTE (TSH)

Autor: LM Lorenzini, GCL Bellini, AC Molon, E Thomé, GS Schramm, FL Silva, H Umpierre-Pedroso
Jazyk: angličtina
Rok vydání: 2024
Předmět:
Zdroj: Hematology, Transfusion and Cell Therapy, Vol 46, Iss , Pp S421- (2024)
Druh dokumentu: article
ISSN: 2531-1379
DOI: 10.1016/j.htct.2024.09.708
Popis: Introdução: A leucemia linfoblástica aguda (LLA) é a neoplasia hematológica mais comum da infância, em que a apresentação clínica pode ser insidiosa e variada, frequentemente mimetizando outras condições, dificultando seu diagnóstico precoce. As repercussões clínicas são amplas, portanto, é importante reconhecer e estar ciente acerca destas. Objetivo: Relatar caso de paciente com leucemia linfoblástica aguda de células B com pancitopenia e aumento de hormônio tireoestimulante. Relato de caso: Paciente feminina, 3 anos, encaminhada ao Hospital Geral de Caxias do Sul, com queixa de cansaço, palidez cutânea e tosse produtiva há 15 dias. Exames iniciais: hemoglobina 3,9 g/dL, hematócrito 11,6% e plaquetas 16.000/mm3. Ultrassonografia mostrou linfonodos proeminentes nas cadeias cervicais bilaterais. Novos exames laboratoriais revelaram hemoglobina 6,7 g/dL, hematócrito 19,4%, leucócitos 2540/mm3 e plaquetas 13.000/mm3. O TSH estava em 18,42 μIU/mL e o T4 livre em 2,02 ng/dL, com impressão de pancitopenia com TSH aumentado e T4 livre levemente aumentado. Iniciou-se levotiroxina 42 mcg, cojitando a hipótese de pancitopenia por hipotireoidismo ou infiltração medular. O estudo da medula óssea identificou 14,8% de células B imaturas, com imunofenótipo anormal, compatíveis com LLA B. Foi utilizado o protocolo BFM ALL 2009. O TSH elevou-se para 51 μIU/mL, diminuindo para 20,930 μIU/mL e posteriormente para 4,83 μIU/mL cinco dias depois. Paciente realizou reposição de levotiroxina até normalização do TSH, atingiu remissão da doença e segue tratamento poliquimioterápico. Discussão: A LLA é uma neoplasia agressiva que pode ser de células B ou T, sendo a forma mais comum de câncer pediátrico. Os achados de apresentação mais comuns associados à LLA são inespecíficos e podem ser difíceis de distinguir de doenças comuns e autolimitadas da infância. Entretanto, os achados clínicos mais comuns são: hepatomegalia, linfadenopatia, febre e anormalidades hematológicas. Neste último, as manifestações mais comuns são: plaquetopenia no diagnóstico e anemia, além de leucocitose. Além disso, pode haver infiltração dos tecidos pelos blastos, causando disfunção orgânica. O tratamento da LLA é prolongado e é fundamentado em quimioterapia. Os protocolos modernos invariavelmente são constituídos de indução, intensificação, consolidação, reindução e manutenção, bem como prevenção da leucemia no sistema nervoso central e continuação ou manutenção da remissão. Conclusão: Altos níveis de TSH em uma paciente com LLA é um achado digno de nota, uma vez que não é frequentemente observado na prática clínica. Embora a elevação do TSH possa ser interpretada como uma disfunção tireoidiana primária, no contexto desta paciente, pode refletir uma manifestação secundária da infiltração por blastos leucêmicos, que pode comprometer a função tireoidiana e alterar o perfil hormonal. A normalização dos níveis de TSH após o tratamento com levotiroxina e a introdução do protocolo BFM ALL 2009 indicam que as alterações tireoidianas podem ser atribuídas à doença hematológica. Portanto, a compreensão dessa associação entre LLA e alterações na função tireoidiana é crucial para o manejo adequado dos pacientes.
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