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Este artigo tem por objetivo problematizar visões de políticas e projetos de cidades inteligentes centradas na aplicação de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) (cf. WIIG, 2016; SHELTON et al., 2015; SÖDERSTRÖM et al., 2014). Nossas lentes foram calibradas para buscar, identificar e registrar o uso e a reprodução de tecnologias sociais como manifestação de outras inteligências, diferentes das que geralmente são acionadas quando se fala em smart cities ou mesmo smart destinations, no caso específico do turismo. Para isso, partimos de um paradigma de desenvolvimento tecnológico alternativo, com potencial de gerar conjunções mais inclusivas, participativas e democráticas, baseando-se na visão local dos cidadãos como agentes emancipadores, com capacidade de tomar decisões sobre as tecnologias que concebem, utilizam e difundem (POZZEBON; FONTENELLE, 2018). De maneira específica, buscou-se compreender como tais iniciativas mobilizam práticas e discursos no campo do turismo, como visitas guiadas aos seus respectivos territórios, hospedagens, excursões e eventos culturais realizados pela Comunidade Cultural Quilombaque, no distrito de Perus, em São Paulo. Como inferências possíveis ao momento, nota-se que a inteligência que emana dos territórios é responsável por expressões de articulação de movimentos que propõem visibilidade e transformações sócio-econômicas, muitas vezes ao largo de tênues ou mesmo ausentes políticas públicas específicas. Assim, a produção de territórios criativos - diferente do que se observa em muito das práticas correntes na literatura - se dá em função de engajamento social, resistência coletiva e proposições comunitárias, como substrato para produção de ações do Estado e outros agentes sociais e econômicos. |