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Mário de Carvalho, tanto através de seus seres de papel, em Casos do Beco das Sardinheiras, quanto em entrevistas, anunciou seu afastamento da literatura fantástica, mas nunca conseguiu fazê-lo. Em Casos do Beco das Sardinheiras (1ª edição, 1982), elabora mundos possíveis imersos no insólito ficcional, com espaços, tempos, personagens e ações incoerentes com os padrões arquitetônicos do sistema semio-narrativo-literário real-naturalista, fissurando, fraturando, rompendo com os paradigmas do senso comum instituído e estatuído. De suas estratégias de construção narrativa que colaboram para a irrupção do insólito nesse conjunto orgânico de contos, destacar-se-á, para a presente leitura, a figuração – fabricação das personagens – como protocolo exemplar de sua poética fantástica, iluminado os procedimentos de fabricação de duas personagens: Zé Metade e Andrade, antes da Mula, depois da Lua. |