Popis: |
Introdução: A insegurança alimentar é um problema complexo, multifatorial e uma grande preocupação no âmbito da saúde pública que tem sido drasticamente potenciada pela resposta social e económica associada à pandemia COVID- 19. Esta condição está associada a efeitos prejudiciais à saúde devido a situações como a ingestão alimentar inadequada e consequente surgimento de doenças crónicas, problemas de saúde mental, entre outros. Em particular, nas crianças, esta condição pode levar ao aparecimento de deficiências alimentares que limitam o seu desenvolvimento físico e cognitivo. Desta forma, pessoas com esta condição têm tendência a usar frequentemente o sistema de saúde, com um aumento consequente nas despesas nacionais de saúde. De forma a combater a pobreza e a exclusão social em Portugal, surge o Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC), que pretende através de apoio alimentar e/ou de bens de primeira necessidade e medidas de acompanhamento, potenciar a inclusão social das pessoas carenciadas. Os destinatários finais deste programa são aqueles que se encontrem em carência económica, isto é, numa situação de risco de exclusão social, por razões conjunturais ou estruturais, e cuja capitação seja inferior ao valor da pensão social, atualizado anualmente, por referência ao indexante dos apoios sociais. Objetivo: Diagnosticar a situação de segurança alimentar em agregados familiares apoiados pelo POAPMC. Métodos: Desenvolveu-se um estudo transversal, observacional e quantitativo baseado numa amostra de 71 pessoas beneficiárias do POAPMC. Foi aplicada uma escala relativa à situação de segurança alimentar composta por 14 questões fechadas, referentes aos últimos 3 meses. Para o tratamento estatístico dos dados recolhidos foi utilizado o programa IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 27.0 para Windows. Foi feito o estudo descritivo dos dados, tendo-se calculado frequências absolutas e relativas para variáveis qualitativas. Resultados: A maioria dos individuos são do género feminino (69,0%) e tem idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos (91,5%). A insegurança alimentar verificou-se em 74,6% dos inquiridos, 14,1% na forma grave, 22,5% moderada e 38,0% ligeira. Constatou-se, ainda, que 25,4% dos agregados familiares do POAPMC estão em segurança alimentar. Conclusões: A maioria da amostra de beneficiários apesar de serem apoiados pelo POAPMC encontram-se em situação de insegurança alimentar, nomeadamente numa situação ligeira de insegurança alimentar. Estes resultados demonstram que, se os beneficiários não fossem apoiados pelo POAPMC, possivelmente estariam em situações mais graves de insegurança alimentar, sendo necessário continuar a criar medidas que possibilitem a todos os indivíduos atingir a condição de segurança alimentar. |