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As unidades de conservação surgiram como uma resposta à necessidade do cuidado com os recursos naturais diante de sua exploração indiscriminada. A etnobotânica tem crescido substancialmente como área de conhecimento nas últimas décadas, colaborando com a compreensão das relações entre seres humanos e plantas, inclusive no estudo de espécies vegetais em unidades de conservação ou em seu entorno. O presente estudo descreve e analisa as relações de moradores da comunidade rural Cachoeira, no entorno do Parque Nacional de Sete Cidades, no Piauí, com as espécies lenhosas úteis, avaliando o uso e disponibilidade das espécies por meio de inventário etnobotânico e de vegetação. Foram entrevistados 27 moradores da comunidade, analisando os dados das entrevistas pelo método do Valor de Uso (VU). Para a fitossociologia foram registrados os indivíduos com diâmetro a nível do solo (DNS) >= 3 cm, amostrados pelo método de ponto quadrante. Foram registradas 73 espécies úteis, das quais 71 foram identificadas. Distribuídas em 64 gêneros e 30 famílias, sendo as de maior VU Aspidosperma sp. (5), Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) (4,07), Cariocar cuneatum Witm. (3,3) e Hymenaea courbaril L. (3,33). As categorias mais citadas foram construção, medicinal e tecnologia. Na fitossociologia foram registradas 34 espécies, pertencentes a 32 gêneros e 20 famílias. As famílias de destaque em número de indivíduos foram Fabaceae (339), Anacardiaceae (330) e Rubiaceae (203). Entre as espécies o destaque foi para Campomanesia velutina (Cambess.) O. Berg. (288 indivíduos), Copaifera luetzelburgii Harms (262) e Aspidosperma sp. (187). O estudo apresentou que algumas das espécies mais conhecidas na comunidade não foram encontradas no inventário da vegetação, apontando para a necessidade de maiores estudos sobre a vegetação local de modo a compreender a dinâmica de uso e sugerir estratégias sustentáveis. |