Sobre um escravo que sabia ler e o princípio de um suposta insurreição em Campos dos Goytacazes (1871-1877)

Autor: Carlos Eugênio Soares de Lemos, Rafaela Machado Ribeiro
Rok vydání: 2019
Předmět:
Zdroj: Revista História & Perspectivas. 31:98-113
ISSN: 2176-4352
DOI: 10.14393/hep-v31n59p98-113
Popis: No dia 09 de maio de 1877, acusado de ser o cabeça de uma provável insurreição que aconteceria no engenho do Queimado, o escravo Manoel "Çacramento" justificou a sua ação com a escusa de que lera no jornal que "os braços erão livres e, como taes, devião ganhar jornal”. Portanto, ele e os seus companheiros de cativeiro se apropriaram desse enunciado e o transformaram num argumento de autoridade em defesa do seu direito à liberdade. Partindo de uma abordagem historiográfica que concebe o escravo como sujeito reflexivo, baseando-se em diferentes fontes históricas, este artigo tem por objetivo analisar de que modo a inscrição desses escravos em outras posições discursivas, que não as de submissão à lógica da classe senhorial, levou-os a se rebelarem contra os sentidos dominantes nos discursos da boa sociedade de Campos dos Goytacazes, na província do Rio de Janeiro, no período de crise do escravismo.
Databáze: OpenAIRE