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O presente capítulo tem como objetivo problematizar algumas nuances envolvidas no trabalho da Psicologia com famílias de crianças, adolescentes e jovens em situação de acolhimento institucional. Ampara-se, portanto, em estudos sobre a constituição da pobreza e dos modos de subjetivação atrelados a esse processo, além das articulações teóricas com o contexto de implementação da Política Nacional de Assistência Social. Contudo, para além de um caminho teórico já amplamente discutido, lançou-se mão de uma aposta ético-política de reflexão crítica e implicada sobre cenas cotidianas vivenciadas pelas/os profissionais. A partir de uma inspiração cartográfica, foram elencados recortes de cenas do trabalho de uma das autoras como psicóloga de um Serviço de Acolhimento Institucional em uma cidade de Minas Gerais, que abriram espaço para a discussão de três principais pontos: a) a temporalidade como característica fundamental do trabalho no acolhimento institucional; b) a ruptura dos laços familiares agenciada pelo acolhimento institucional; c) a relação que as famílias estabelecem com o acolhimento institucional, atravessadas por concepções racistas e sexistas. Resultam-se desse capítulo argumentações que intentam uma condução dialética das análises sobre os processos de trabalho, com ênfase na construção de uma práxis psicológica que enseje rupturas com modelos normatizadores, silenciadores, opressores, racistas e sexistas de atuação. |