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O objetivo do estudo foi revelar como a pandemia da COVID-19 está espalhada no território recifense, verificando a existência de desigualdades nas taxas de casos confirmados, de mortalidade e de letalidade da doença a partir das diferentes configurações sócio territoriais da cidade. Para efeito deste estudo utilizou-se os dados da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), pois eram os dados disponíveis na escala intraurbana. Realizou-se um agrupamento dos bairros da cidade em cinco estratos, considerando o percentual da área dos bairros em assentamentos precários utilizando o software ArcGis 10.1. Verificou-se que o registro de casos de SRAG em relação à população residente é maior no conjunto de bairros com menor proporção de assentamentos precários. Inversamente, a taxa de letalidade é maior nos estratos com maior proporção de assentamentos precários. Constatou-se também correspondência entre estratos referente a distribuição da renda per capita e da população negra. Os dados revelam uma desigualdade no impacto da doença sobre a população do Recife sugerindo que o diagnóstico por SRAG parece ainda ser um privilégio de parte da população residente nas áreas mais ricas, enquanto a capacidade de cura da população dos assentamentos precários é menor. Os resultados ajudam a entender o desigual impacto da doença nos diferentes territórios da cidade, onde se observou que, em áreas de precariedade habitacional, houve menor resposta do sistema de saúde. The aim of the study was to reveal how the COVID-19 pandemic spread in the city of Recife, pinpointing the existence of inequalities in the rates of confirmed cases, mortality and lethality of the disease in the different socio-territorial configurations of the city. For the purpose of this study, data from the Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) were used, as they were the only ones available on the intra-urban scale. A grouping of the city's neighborhoods was carried out in five strata, considering the percentage of the neighborhood area in precarious settlements using the ArcGis 10.1 software. It was found that the record of cases of SARS in relation to the resident population is higher in the set of neighborhoods with a lower proportion of precarious settlements. Conversely, lethality rate is higher in strata with a higher proportion of precarious settlements. There was also a correspondence between strata, per capita income distribution and the black population. The data reveal an inequality in the impact of the disease on the population of Recife, suggesting that the diagnosis by SARS still seems to be a privilege of part of the population residing in the wealthier areas, while the healing capacity of the populations of precarious settlements is reduced. The results help to understand the uneven impact of the disease in the different territories of the city, where it was observed that, in areas of precarious living conditions, there was less response from the health system. L’objectif de l’étude était de présenter la distribution territoriale de la pandémie de COVID-19 dans la ville de Recife et de vérifier les relations existentes entre les configurations territoriales urbaines qui expriment l’inégalité sociale et les différences des taux observés de cas confirmés, de morts et de létalité. Pour ce faire, on a utilisé les données sur les cas de Syndrome Respiratoire Aigu Sévère (SRAS), les seules disponibles au public à l’échelle intra-urbaine. En utilisant le logiciel ArcGis 10, on a rassemblé les 94 quartiers de Recife em cinq strates selon des intervales de pourcentages de la surface du quartier occupée par des zones d’habitations précaires. On observe que les cas confirmes de SARS sont, proportionnellement à la population, plus nombreux dans les strates oú il y a peu de zones d’habitations précaires. À l’inverse, les taux de létalité sont plus élevés dans les strates où ces zones sont importantes, voire étendues sur tout le quartier. Les cinq strates de quartiers déterminées par des configurations territoriales correspondent aussi à des différences sociales selon la distribution des revenus per capita et ethnico-raciale selon les pourcentages de population nègre. Les données révèlent une inégalité de l’impact de la maladie sur la population de Recife et suggèrent que le diagnostic de SRAS est plus facile pour la population résidente des zones privilégiées tandis qu’est moindre la capacité de guérison des patients des zones d’habitations précaires. Les résultats permettent de comprendre l'impact inégal de la maladie dans les différents territoires de la ville, où il a été observé que, dans les zones d'habitat précaire, la réponse du système de santé était moindre. |